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Uma forte tensão diplomática eclodiu entre Japão e China após a recém-eleita primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, declarar que Tóquio reagiria militarmente caso Pequim avance sobre Taiwan. A afirmação, feita durante uma sessão no Parlamento japonês, provocou uma reação furiosa do governo chinês, que exigiu a retratação imediata.

Takaichi, vista como uma figura ideologicamente alinhada ao ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, justificou sua postura alegando que um eventual bloqueio naval chinês ou ações militares contra Taiwan poderiam representar um risco direto à sobrevivência do Japão, forçando o país a usar a força para se defender.

Reação Chinesa: Ameaças e Sanções Econômicas

A resposta da China foi dura. Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, afirmou que, se o Japão “ousar recorrer à força e intervir no Estreito de Taiwan, isso constituiria um ato de agressão”, que será enfrentado com “contramedidas resolutas”. Lin Jian também cobrou que o Japão “reflita profundamente sobre suas negações históricas de crimes de agressão” e que “cesse imediatamente a interferência nos assuntos internos da China”.

As palavras não ficaram apenas no campo diplomático. No último sábado (15/11), o Ministério da Defesa do Japão relatou ter enviado caças após identificar um drone chinês entre a ilha japonesa de Yonaguni e Taiwan. Em uma escalada prática, a China anunciou a suspensão imediata das importações de frutos do mar japoneses.

Em solidariedade ao Japão, o presidente taiwanês, Lai Ching-te, publicou uma foto de um prato de sushi nas redes sociais na quinta-feira (20/11), um dia após o anúncio da China.

Análise: Escalada de Tensão “É Real”

Maurício Santoro, cientista político e colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha, explicou ao Metrópoles que a agressividade da resposta chinesa se deve às declarações de Takaichi. Segundo ele, as afirmações fazem sentido no contexto da ascensão econômica e militar da China nos últimos 15 a 20 anos, que a tornou mais assertiva em suas reivindicações territoriais na Ásia-Pacífico, incluindo Taiwan e o Mar do Sul da China.

Santoro destaca que essa escalada “é real” e envolve, de um lado, uma China mais poderosa e reivindicadora, e do outro, um Japão que retoma as preocupações militares e o debate sobre seu papel como potência. Takaichi, sendo uma discípula de Shinzo Abe, líder que impulsionou o debate militar no Japão, reflete essa nova postura.

Para o especialista, seria estratégico para o Japão responder militarmente em um cenário de conflito em Taiwan, especialmente com o apoio dos Estados Unidos. A ocupação de Taiwan pela China colocaria o Japão em uma posição muito mais “frágil e ameaçada”, tornando vital para os japoneses a manutenção da autonomia e liberdade de Taiwan.

Com informações de Metrópoles

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