Presidente do Flamengo, Rodolfo Landim abriu o jogo sobre o excesso de datas dos estaduais espalhados pelo Brasil no início de cada ano. Em entrevista ao “ge”, o mandatário enxerga uma dificuldade de mudança por conta dos jogos políticos do futebol.

– Nos estaduais são 16 datas, e as federações estaduais acabam reagindo demais para que aquilo não seja modificado. E politicamente elas têm um peso muito grande, porque quando você olha o colégio eleitoral para se eleger o presidente da CBF são 27 federações que têm peso 3, então elas têm 81 votos. Os 20 clubes da Série A com peso 2 e os da Série B com peso 1, eles (juntos) têm 60 votos. No momento em que elas dizem: “Olha, não quero que modifique o número de datas que eu tenho do meu campeonato regional”. Isso traz um problema para a CBF, porque são os principais eleitores do colégio eleitoral que estão ali dizendo que não querem modificar aquilo.

O Rubro-Negro vem sendo um dos clubes mais ativos em relação as reclamações do calendário por conta do Brasileirão de 2024. A competição não será paralisada durante a realização da Copa América, o que pode fazer com que a equipe de Tite perca diversos jogadores por até nove partidas do torneio. Mas Landim acredita que a mudança está próxima.

– O Brasileiro, que na minha maneira de ver deveria ser a competição de maior importância para o Brasil, é o patinho feio. Todo e qualquer ajuste que é feito no calendário acaba sendo no Brasileiro. Em vez de preservar esse que seria o mais importante campeonato, ele acaba sendo o mais impactado de todos pelo calendário. O que é muito lamentável. Um dos movimentos que a gente tem e que os clubes discutem na criação da liga é exatamente por isso, porque aí a liga vai fazer o seu próprio calendário e aí os outros campeonatos é que iriam ter que se ajustar. Sem ter uma liga forte e tendo peso para poder fazer isso, você acaba sendo obrigado a perder datas do campeonato para utilizar jogadores com data Fifa e prejudicando o seu campeonato.

Outra preocupação é com relação ao calendário de 2025, uma vez que o Flamengo disputará o Mundial de Clubes com 32 equipes e ainda não tem muitas informações sobre como será o Campeonato Brasileiro em meio ao torneio da Fifa. Além do Rubro-Negro, Palmeiras e Fluminense estão garantidos na competição.

– Esse planejamento do próximo ano é algo que a gente ainda precisa de uma série de informações que venham até da própria Fifa. O que temos é a data, o que já dá uma ideia para tentar começar a conversar com a CBF. E no caso do Flamengo, entendo que pelo menos Fluminense e Palmeiras, você tem três clubes que já estão podendo ter um quarto classificado para o Mundial, a expectativa que nós temos é a de que haja uma paralisação no campeonato. Porque assim, um absurdo no meio de um campeonato te tirar também durante não sei quantos jogos em que você está disputando um Mundial da Fifa. É um negócio louco, né? Mas nem isso até hoje foi claramente dito, que essa paralisação vai existir no ano que vem. Então isso é uma preocupação enorme que temos.

CONFIRA OUTRAS RESPOSTAS DE RODOLFO LANDIM:

MELHOR TÉCNICO NA GESTÃO LANDIM

– Pelos resultados que deu, pela revolução que foi, eu não tenho dúvida de que a contratação do Jorge (Jesus) foi especial. Por vários motivos. Até pela coragem da turma do comitê de futebol que estava comigo lá. Por tudo. Pelo valor que estava envolvido. Estávamos trazendo um técnico com uma filosofia de trabalho completamente diferente do que a gente tinha e do que a gente via no país. E acabou dando muito certo. E, se a gente vir pelos resultados, não dá para não creditar aquela temporada de 2019 como a de maior sucesso que a gente teve. A gente nem estava tão bem no Brasileiro e a gente ganha com 90 pontos, a maior pontuação da história. A gente ganha a Libertadores. Disputa a Recopa e vence, a Supercopa e vence, o Carioca e vence.

MELHOR CONTRATAÇÃO NA GESTÃO LANDIM

– Em termos de jogador são vários. É muito difícil. Quem foi o jogador mais importante que a gente teve em 2019? Futebol é um esporte coletivo. Se eu fosse te dizer quem era o meu escolhido, que eu fiz mais carga para poder contratar, foi o Arrascaeta. Eu tinha visto o Arrascaeta nos tirar de dois campeonatos e tinha uma vontade muito grande de trazê-lo. Mas aquelas oito contratações tiveram um sucesso gigantesco. Foram ótimas. É difícil diferenciar um do outro. A crítica considera que o maior jogador de 2019 foi o Bruno Henrique, o ídolo foi o Gabriel. Mas o que o Pablo Marí e o Rodrigo Caio jogaram foi um absurdo. O Everton Ribeiro não foi uma contratação, mas teve um desempenho excepcional. É difícil selecionar um jogador. Mas o que mais me envolvi para contratar foi o Arrascaeta. Esse é o erro que o presidente tem direito a ter e, se der errado, a culpa é minha. Eu queria contratar porque acreditava no futebol dele há muito tempo.

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