O procurador jurídico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Eliesio Marubo, em entrevista à Agência Pública, publicada nesta quarta-feira, 22, traz à tona revelações no mínimo surpreendes sobre o envolvimento do aparato do estado nas buscas do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, mortos no dia 5 deste mês, pelos pescadores Amarildo e Oseney da Costa de Oliveira, no Vale do Javari.
Além de criticar a Polícia Federal que afirmou, antes mesmo da conclusão das investigações, que os assassinos de Bruno e Dom agiram sozinhos e não tinham relação com organizações criminosas, o procurador aludiu o o Exército que, segundo ele, decidiu iniciar as buscas pela cidade e pela estrada de Atalaia do Norte.
Além do trabalho “inadequado do Exército, ele disse que a Marinha ficava no rio “andando pra cima e pra baixo”, que não entrava nos ‘furos’ e nas partes alagadas, locais que poderiam possibilitar aos envolvidos na busca dos desaparecidos alguma pista concreta.
Eliesio Marubo foi incisivo ao afirmar que em nenhum momento as autoridades se juntaram a eles para fazer buscas na região.
Somente nos últimos dias – uma semana após o desaparecimento de Bruno e Dom -, conforme enfatizou, os entes públicos se integraram à equipe local. “Foi quando acharam as mochilas que eles passaram a ir pros locais de busca, mas eles faziam outras buscas diferentes das que estávamos fazendo”, assevera.
Ainda com relação ao papel da Polícia Federal, Eliesio Marubo disse que os investigadores passaram a entrevistar pessoas de forma indiscriminada e de forma não programada.
Em outras palavras, o procurador da Univaja foi tácito ao afirmar que, inicialmente, as autoridades não deram muita trela pra situação e que só após ingressarem com uma Ação Civil Pública que tramita em Manaus algo de efetivo começou a ser feito.
“O Exército, as Forças Armadas e cada qual tava fazendo um trabalho ainda conforme o seu entendimento, não era uma busca ordenada”.
No dia 8 , o comandante do 8º Batalhão da PM destacou uma equipe de cinco policiais para acompanhar a equipe da Univaja e apareceu os helicópteros. “As buscas continuaram até a gente localizar os corpos do Bruno e do Dom”, destaca. “No domingo , os Matis encontraram os pertences pessoais do Dom. Aí teve a prisão do Pelado, do irmão”, completa.
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