SÃO PAULO (Reuters) – A indústria do Brasil registrou em novembro recuo da produção, dando seguimento ao último trimestre do ano sem muito vigor diante da elevação da taxa de juros e da desaceleração da economia global.

A produção caiu 0,1% em novembro na comparação com o mês anterior, depois de avanço de 0,3% em outubro, de acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esses resultados deixam o setor ainda 2,2% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, e 18,5% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.

Em relação ao mesmo mês do ano anterior, o setor apresentou avanço de 0,9% na produção. Os resultados ficaram em linha com as expectativas em pesquisa da Reuters de baixa de 0,1% na comparação mensal e de avanço de 0,8% na base anual.

A indústria mostrou fraqueza no final de 2022 uma vez que, assim como o restante da economia, passa a sentir com mais intensidade o aumento da taxa de juros e a desaceleração da economia global.

Dos cinco resultados negativos apresentados no ano passado até novembro, quatro foram registrados a partir de junho.

“Isso mostra o setor girando em torno de um mesmo patamar, mas com um viés negativo”, disse o gerente da pesquisa, André Macedo, lembrando que no início de 2022 medidas do governo de incremento de renda e para impulsionar o setor ajudaram a indústria a ganhar ritmo.

“Posteriormente, ainda tendo como pano de fundo inflação alta, especialmente de alimentos, elevado número de trabalhadores fora do mercado de trabalho, precarização dos postos de trabalho e uma massa de rendimentos que avançou muito pouco, o setor industrial voltou a mostrar perda de ritmo”, completou.

Em novembro, as maiores influências negativas para o resultado do mês foram exercidas pela indústrias extrativas (-1,5%) e pela de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-6,5%) –nesse caso relacionado à produção de eletrodomésticos da linha marrom, especialmente televisores.

“Não se pode tirar de vista que a economia mostra sinais de perda de intensidade, com taxas de inadimplência em patamares altos, taxa de juros em elevação, e, especialmente os bens de consumo duráveis, embora tenham uma associação também com a renda, têm também uma relação direta com a evolução do crédito”, destacou Macedo.

Entre as categorias econômicas, a única taxa negativa aconteceu em bens de consumo duráveis (-0,4%), no terceiro mês consecutivo de queda.

Por outro lado, os produtores de bens de capital (0,8%), de bens de consumo semi e não duráveis (0,6%) e de bens intermediários (0,4%) registraram expansões em novembro.

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