Protesto em Teerã 19/9/2022 WANA (West Asia News Agency) via REUTERS

DUBAI (Reuters) – O escritório de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) expressou nesta sexta-feira preocupação com o tratamento do Irã aos manifestantes detidos e disse que as autoridades se recusaram a liberar alguns dos corpos dos mortos, enquanto manifestantes voltaram a pedir a queda do governo.

A República Islâmica foi tomada por protestos desde a morte da curda Mahsa Amini, de 22 anos, sob custódia policial no mês passado.

A agitação se transformou em uma revolta popular de iranianos de todas as camadas da sociedade, representando um dos maiores obstáculos à liderança clerical do Irã desde a revolução de 1979.

Vídeos nas redes sociais mostraram manifestantes na cidade de Zahedan, perto da fronteira sudeste do Irã com o Paquistão e o Afeganistão, pedindo nesta sexta-feira a morte do líder supremo “ditador”, aiatolá Ali Khamenei, e da milícia Basij, que tem desempenhado um papel importante na repressão às manifestações.

O conselho de segurança da província disse que dissidentes armados provocaram os confrontos, levando à morte de pessoas inocentes, mas admitiu “deficiências” da polícia.

Grupos de direitos humanos disseram que pelo menos 250 manifestantes foram mortos e milhares foram presos em todo o país. Uma dura repressão por parte das forças de segurança, incluindo a temida milícia Basij, que tem um histórico de esmagar a dissidência, não conseguiu aliviar a agitação.

“Vimos muitos maus-tratos… mas também assédio às famílias dos manifestantes”, disse Ravina Shamdasani, porta-voz do Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, em uma coletiva de imprensa em Genebra, citando várias fontes.

“De particular preocupação são as informações de que as autoridades estão transferindo manifestantes feridos de hospitais para centros de detenção e se recusando a liberar os corpos dos mortos para suas famílias”, disse ela.

Shamdasani acrescentou que, em alguns casos, as autoridades estão colocando condições para a liberação dos corpos, pedindo às famílias que não realizem um funeral ou falem com a mídia. Às vezes, os manifestantes detidos também não recebiam tratamento médico, segundo ela.

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