Foto: Divulgação/Saul Schramm Jr

O PSDB está prestes a perder o controle de seu único governo estadual restante, com a provável saída do governador Eduardo Riedel, de Mato Grosso do Sul, rumo ao Progressistas (PP). A mudança, articulada pela senadora Tereza Cristina (PP-MS), representa mais um revés para a legenda tucana, que desde 2018 vem enfrentando uma crescente perda de força no cenário político nacional.

Caso se confirme a migração de Riedel, o PSDB deixará de governar qualquer estado brasileiro — um marco simbólico do declínio de um partido que, por mais de 20 anos, ocupou papel central na política nacional, tendo governado estados estratégicos, presidido o país e influenciado a centro-direita.

A saída de Riedel se somaria ao afastamento já ensaiado por outros governadores tucanos, como Eduardo Leite (RS) e Raquel Lyra (PE), que vêm sinalizando descontentamento ou distanciamento da legenda.

Redesenho político em MS fortalece PL e PP

A movimentação no Mato Grosso do Sul envolve não apenas a filiação de Riedel ao PP, mas também o realinhamento de sua base política. Parte de seus aliados, incluindo o ex-governador Reinaldo Azambuja e o deputado federal Beto Pereira, deve migrar para o PL, legenda controlada por Valdemar Costa Neto e alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

O plano prevê que Azambuja dispute o Senado na chapa de Riedel em 2026, enquanto o grupo já se comprometeu a apoiar o presidenciável que for indicado pelo campo bolsonarista. O alinhamento entre as duas siglas ganhou corpo nas eleições municipais deste ano, quando o PL optou por não lançar candidatura própria à prefeitura de Campo Grande e apoiar Beto Pereira, ainda filiado ao PSDB à época.

Decisão oficial pós-convenção tucana

Na última quarta-feira (22), Riedel e Azambuja se reuniram com Bolsonaro e Valdemar Costa Neto para avançar nas negociações. A decisão final sobre a troca partidária, porém, será anunciada apenas após a convenção nacional do PSDB, marcada para 5 de junho, quando será discutida a possível fusão com o Podemos.

Ambos também informaram ao presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, que só tomarão uma decisão definitiva após esse encontro. Apesar das tentativas de Perillo de manter Riedel na sigla, a pressão do cenário local e do avanço das articulações com a direita fortalecem a possibilidade de ruptura.

“Talvez o Azambuja siga com Bolsonaro, porque Mato Grosso do Sul é muito bolsonarista. Mas Riedel ainda tem a opção de permanecer conosco, especialmente se avançarmos na federação com o Republicanos”, declarou Perillo.

PSDB tenta se reinventar em meio à perda de relevância

Em maio, o PSDB formalizou um acordo para fusão com o Podemos, numa tentativa de reorganizar sua estrutura e ampliar suas alianças. A nova legenda, ainda em construção, mira também uma federação com o Republicanos. No entanto, a indefinição sobre prazos e rumos concretos tem afastado lideranças históricas do partido.

Apesar de ter sido sondado por outras siglas, como o PSD, o grupo de Riedel parece mais próximo de consolidar sua migração para o PP e o PL. O movimento expõe a fragilidade do PSDB, que vem perdendo espaço, quadros e identidade desde suas derrotas sucessivas nas últimas eleições presidenciais e estaduais.

Se confirmada, a saída de Riedel do PSDB pode encerrar definitivamente o ciclo de protagonismo tucano na política brasileira — uma legenda que, no passado, foi protagonista de disputas nacionais e hoje busca espaço em meio à reconfiguração das forças de centro-direita.

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