O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, declarou que o partido deve definir seu rumo até março deste ano, com possibilidades que incluem uma fusão ou incorporação com outras siglas, como o PSD, de Gilberto Kassab. A informação foi divulgada pelo O Globo e reflete as movimentações estratégicas dos tucanos diante de um cenário político desafiador, marcado por um encolhimento da legenda nas últimas eleições e insatisfações internas na federação com o Cidadania.
“Primeiro, estamos fazendo várias tratativas internas. Decidimos que agora em fevereiro vamos mergulhar nessa discussão e, paralelamente, vamos conversar com outros atores que querem se aliar com a gente. Em março, a gente deve anunciar uma solução”, afirmou Perillo.
Além da fusão com o PSD, também há conversas com o MDB, partido de origem do PSDB, fundado em 1989. Outra alternativa seria a formação de uma nova federação, com partidos como Podemos e Solidariedade no radar das negociações.
Tensão na federação com o Cidadania
A federação PSDB-Cidadania tem enfrentado conflitos internos, especialmente nas eleições municipais de 2024. No Rio de Janeiro, por exemplo, enquanto os tucanos apoiaram Marcelo Queiroz (PP), o Cidadania optou por apoiar o prefeito Eduardo Paes (PSD), revelando divergências de estratégia política e alianças regionais.
Eduardo Leite na disputa presidencial
Nos bastidores, uma das condições para qualquer negociação seria a viabilização da pré-candidatura do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, à Presidência da República. Embora Marconi Perillo negue oficialmente a imposição dessa exigência, aliados próximos a Leite afirmam que ele estaria disposto a entrar na disputa presidencial de 2026, mantendo sua posição na fila dos presidenciáveis tucanos.
Aliança com o PSD gera debate interno
A possível fusão com o PSD tem gerado controvérsias dentro do PSDB. O partido de Gilberto Kassab integra a base do presidente Lula (PT), ocupando três ministérios – Minas e Energia, Agricultura e Pesca – e também apoia o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), nome cotado para disputar a presidência em 2026. Esse cenário gera preocupações entre tucanos que defendem uma linha de oposição mais clara ao atual governo federal.
Mesmo com um tamanho reduzido, o PSDB busca preservar sua identidade histórica. Atualmente, o partido conta com três governadores – Eduardo Leite (RS), Raquel Lyra (PE) e Eduardo Riedel (MS) – além de 10 deputados federais. Contudo, a legenda enfrenta dificuldades para manter sua relevância diante da crescente cláusula de barreira, que exigirá a eleição de 13 deputados federais ou 2,5% dos votos válidos para a Câmara em pelo menos nove estados em 2026.
Sobrevivência política em jogo
Para especialistas, uma fusão ou nova federação será fundamental para garantir a sobrevivência do PSDB no cenário político nacional. Nos últimos anos, o partido perdeu força, especialmente em São Paulo, reduto histórico tucano, onde diversos quadros migraram para o PSD.
Com as definições previstas para março, o futuro do PSDB pode significar uma reconfiguração do cenário político nacional, influenciando alianças e a corrida presidencial de 2026.