Tucano resgatado durante operação • Reprodução

Uma megaoperação realizada nesta terça-feira (16) no Rio de Janeiro desarticulou uma quadrilha que atuava há pelo menos três décadas no tráfico de animais silvestres. A Operação São Francisco já resultou na prisão de 45 pessoas — entre elas, um homem baleado em confronto — e no resgate de cerca de 700 animais, muitos deles ameaçados de extinção. Uma policial civil também foi atingida durante a ação, mas não corre risco de vida.

A investigação é conduzida pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), com apoio do Ministério Público do Rio, Ibama, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade e Inea. Mais de mil agentes participaram do cumprimento de 44 mandados de prisão e 270 de busca e apreensão em endereços no Rio, em São Paulo e em Minas Gerais.

Segundo a polícia, o grupo era altamente estruturado, com núcleos de caça, receptação e até de falsificação de documentos para dar aparência legal aos animais.

“Era um verdadeiro corredor da morte. Sessenta por cento dos animais retirados da natureza chegavam mortos ao destino, vítimas da crueldade no transporte”, afirmou o secretário do Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi.

O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, destacou a necessidade de endurecer a legislação para punir receptadores.

“O tráfico de animais é a quarta atividade criminosa mais lucrativa do mundo, atrás apenas das drogas, das armas e do tráfico de pessoas. São de € 8 bilhões a € 20 bilhões movimentados por ano. E, no Brasil, esses crimes têm uma resposta penal muito branda e leniente por causa da nossa legislação”, disse Curi.

Os investigadores identificaram que araras eram vendidas por até R$ 5 mil, primatas entre R$ 3 mil e R$ 8 mil, e aves menores por R$ 150 cada. Em apenas uma apreensão, um traficante transportava 1.200 pássaros avaliados em R$ 150 mil.

“Eles compravam uma ave por R$ 200 de caçadores e revendiam por até R$ 5 mil nas feiras clandestinas e em plataformas on-line. É um comércio milionário que ameaça diretamente a biodiversidade brasileira”, disse o delegado André Prates, da DPMA.

Além do comércio de animais, a quadrilha mantinha núcleos especializados em falsificar anilhas, selos públicos e certificados usados para mascarar a origem ilícita das espécies.

Entre os alvos da operação está o ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Jóias, preso há duas semanas por ligação com o tráfico de drogas. Equipes cumpriram mandados em endereços ligados a ele na Zona Sudoeste do Rio.

De acordo com as investigações, o ex-parlamentar atuava na negociação e comercialização de primatas.

“Mais uma vez, ele aparece envolvido em diferentes vertentes criminosas. No caso de hoje, estava associado à compra e venda de macacos, um mercado milionário no tráfico de animais”, destacou Curi.

Os animais resgatados foram levados para a Cidade da Polícia, onde passam por atendimento veterinário, avaliação de peritos e, posteriormente, são encaminhados a centros de triagem. A expectativa é de que parte deles seja reintroduzida na natureza.

Segundo o MPRJ, os investigados vão responder por associação criminosa, tráfico de animais, receptação qualificada, comércio ilegal de armas e falsificação de documentos.

“Cada animal comprado em feira ou pela internet está sujo de sangue. Alimenta a mesma cadeia que mata policiais e destrói a natureza”, concluiu o delegado André Neves, do DGPE.

Com informações de CNN Brasil.

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