
São Paulo — Uma das suspeitas da Polícia Federal é que o traficante brasileiro Gabriel Martinez Souza, o Fant (na foto de destaque, à esquerda), preso nessa terça-feira (11/3) em Portugal no âmbito da Operação Emergentes, tenha alguma ligação com Willian Barile Agati (na foto, à direita), conhecido como o “concierge do crime do PCC”, preso em janeiro durante cumprimento de mandados da Operação Mafiusi.
O que reforça a suspeita de ligação entre eles é que ambos, atualmente presos, atuavam no esquema de envio bilionário de envio de drogas do Brasil para a Europa.
Fant foi encontrado em Montijo, na região metropolitana de Lisboa, pela Polícia Judiciária portuguesa, durante investigação em parceria com a PF sobre a atuação de uma célula do Primeiro Comando da Capital (PCC) naquele país.
De acordo com a polícia, o brasileiro era responsável por coordenar o recebimento e distribuição de drogas na Europa, por meio do trabalho de mergulhadores especializados — que, por sua vez, retiravam a cocaína dos cascos e caixas de leme dos navios.
Na casa de Fant, que vivia legalmente em Portugal, foram encontrados um fuzil Ar15, duas pistolas, equipamentos de mergulho, 30 mil euros (quase R$ 190 mil), além de barcos e motos subaquáticas.
Submersos, os mergulhadores usavam as motos aquáticas para agir com rapidez e discrição, sem chamar a atenção das autoridades portuárias europeias.
Além de Fant, foram presos nessa terça-feira na cidade de Guarujá, litoral paulista, outros quatro homens e duas mulheres, apontados como integrantes do bando envolvido no esquema de tráfico internacional de drogas.
Em cada navio atracado, os mergulhadores retiravam, em média, 100 quilos de cocaína, quantidade que, em solo europeu, poderia render ao menos R$ 10 milhões. Como revelado pelo Metrópoles, o tráfico de cocaína para a Europa rende ao PCC R$ 10 bilhões por ano, somente com as cargas enviadas pelo Porto de Santos.
“Concierge do crime”
Já Willian Barile Agati, o “concierge do crime”, foi indiciado pela PF pelos crimes de organização criminosa, tráfico de drogas e obstrução de Justiça em dezembro de 2024. Nessa segunda-feira (10/3), o Ministério Público Federal (MPF) ofereceu a primeira denúncia contra ele.
A denúncia aponta que Agati fazia a ligação entre a cúpula do PCC e criminosos no exterior, entre eles, integrante da máfia italiana.
Segundo a coluna de Fabio Serapião, do Metrópoles, Agati recebeu o apelido de “concierge do crime” porque atuava no fornecimento de diversos serviços para o PCC, sendo uma espécie de “faz tudo” de traficantes e compradores de droga na Europa. Além da operacionalização do tráfico, com o fornecimento de toda a logística no porto de Paranaguá (PR), ele mantinha uma rede para lavagem de dinheiro e alugava aviões, veículos, imóveis e artigos de luxo para integrantes do grupo.
O bando chefiado por Agati dominava a rota marítima entre o porto de Paranaguá (PR) e o localizado na cidade espanhola de Valência e, também, uma a rota aérea entre o Brasil e aeroportos na Bélgica, de acordo com a PF. Entre os clientes no exterior estava a máfia calabresa ‘Ndrangheta.
O “concierge” se apresentou à Polícia Civil de São Paulo em janeiro e acabou preso pela PF. Ele passou pelos CDPs 3 e 4 de Pinheiros, na capital, e pelas Penitenciárias de Tupi Paulista e 1 de Presidente Venceslau, no interior do estado, até sexta-feira (7/3), quando, segundo a coluna de Josmar Jozino, do UOL, foi transferido para a Penitenciária de Brasília — onde se junta a Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como o líder máximo do PCC.
Com Fant e o “concierge” atuando na operacionalização do tráfico do PCC na Europa, a hipótese de ligação entre eles é uma linha importante de investigação da PF e das autoridades europeias.