Reclamações de motoristas, registros em vídeo de moradores e documentos antigos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) já alertavam para os riscos iminentes na ponte Juscelino Kubitscheck de Oliveira, inaugurada em 1960 e responsável por ligar os estados do Maranhão e Tocantins. No último domingo (22/12), a tragédia aconteceu: parte da estrutura desabou, resultando na morte de quatro pessoas e no desaparecimento de outras 13.
A causa oficial do desabamento ainda será investigada, mas documentos do Dnit, datados de janeiro de 2020, já indicavam graves problemas estruturais. De acordo com o órgão, a ponte apresentava fissuras, pilares corroídos, ferragens expostas, e irregularidades na geometria que comprometiam sua integridade e segurança. Na época, foi emitido um relatório como parte do Programa de Manutenção e Reabilitação de Estruturas (Proarte), recomendando intervenções urgentes.
No momento da tragédia, o vereador de Aguiarnópolis (TO), Elias Junior (Republicanos), estava no local gravando vídeos que denunciavam as condições precárias da ponte. Enquanto mostrava rachaduras no asfalto, ele e outras testemunhas ouviram estalos antes da estrutura ceder.
Além das vidas perdidas, o acidente resultou na queda de pelo menos oito veículos, incluindo caminhões-tanque carregados com ácido sulfúrico e defensivos agrícolas. A contaminação do rio com materiais perigosos chegou a suspender temporariamente as buscas pelos desaparecidos, que já foram retomadas.
Em nota, o Dnit informou que técnicos estão no local avaliando as possíveis causas do desabamento. O órgão também destacou que um contrato de manutenção da BR-226/TO, em vigência até 2026, prevê serviços para melhorar a segurança da rodovia.
Plano para reconstrução da ponte
Após a tragédia, o ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou um plano emergencial para reconstruir a ponte. Durante uma visita ao local ao lado dos governadores Carlos Brandão (MA) e Wanderley Barbosa (TO), além do diretor do Dnit, Fabrício Galvão, o ministro revelou que o governo federal destinará entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões para as obras.
A previsão é que a nova estrutura seja concluída até 2025. “Temos todas as condições técnicas para a reconstrução e também os recursos financeiros necessários”, declarou o ministro, ressaltando a urgência do decreto emergencial para acelerar o processo.
A tragédia, marcada pela perda de vidas e a destruição de uma estrutura fundamental, reforça a necessidade de manutenção adequada em pontes e rodovias pelo Brasil, evitando que alertas prévios sejam ignorados. Fonte: Metrópoles