
SÃO PAULO – Em meio à crescente disputa no mercado de delivery no Brasil, o Rappi aposta em uma ofensiva para atrair consumidores e dobrar seu faturamento já no próximo ano. Após anunciar isenção de taxas para restaurantes e aumento de remuneração para entregadores, a empresa agora volta seus esforços ao público final, com uma campanha de marketing que incluirá celebridades como embaixadores da marca.
A iniciativa integra um plano de investimento de R$ 1,4 bilhão ao longo de três anos, anunciado enquanto gigantes como 99Food e Meituan, ambas com capital chinês, também divulgam aportes bilionários para atuar no país.
“A gente vai vir com uma grande campanha para comunicar tudo isso, comunicar que no Rappi é mais barato”, afirmou o CEO da empresa, Felipe Criniti, à revista IstoÉ Dinheiro. Segundo ele, a estratégia mira posicionar o aplicativo como alternativa mais econômica e eficiente para os consumidores.
Taxa zero para restaurantes e meta de 60 mil parceiros
A promessa de preços mais acessíveis se baseia na decisão de zerar a comissão cobrada dos restaurantes cadastrados. Em troca, os estabelecimentos devem praticar na plataforma os mesmos valores do cardápio físico. A implementação da medida deve ser concluída até julho.
Antes do anúncio, o Rappi contava com cerca de 30 mil estabelecimentos cadastrados. Agora, a meta de atingir 60 mil parceiros, inicialmente prevista para dezembro, poderá ser alcançada já em setembro, segundo Criniti.
Entregadores recebem bônus e impulsionam resultados
Outro pilar da expansão foi o incentivo aos entregadores. Desde 30 de maio, o Rappi paga R$ 10 por corrida realizada entre sexta à noite e a manhã de segunda, um aumento de 43% em relação à taxa anterior. O resultado foi imediato: a empresa registrou um recorde no número de entregadores ativos e uma elevação de 50% na conectividade nos finais de semana.
“Não adianta ter restaurante e consumidor sem entregador. Essa cadeia precisa estar equilibrada”, explicou Criniti.
A batalha por um mercado dominado pelo iFood
A movimentação da empresa ocorre num cenário de disputa crescente. O iFood segue líder absoluto do setor, com 82,2% do market share, segundo levantamento da Abrasel e do Sebrae. O Rappi ocupa o segundo lugar, com 9,1%, enquanto os demais concorrentes não superam 3%.
A 99Food, que deixou o mercado brasileiro em 2023, anunciou retorno com investimento de R$ 1 bilhão. Já a Meituan, gigante do delivery na China, planeja aplicar R$ 5,6 bilhões no país, mirando uma operação em larga escala.
Vantagem competitiva e foco em novos usuários
Apesar do domínio do iFood na vertical de restaurantes, o Rappi afirma liderar em entregas de mercado, farmácia e petshop, setores que representam 80% de seu negócio. Criniti reconhece, porém, que os restaurantes são essenciais para atrair novos usuários. “Cerca de 80% da nossa nova audiência vem da vertical de alimentação”, pontua.
Foi esse raciocínio que levou a empresa a adotar a política de taxa zero. “Movimentos de exclusividade no passado impactaram muito nossa operação. Chegamos a ter 25% do mercado. Perdemos porque fomos afetados diretamente por esses contratos”, disse o CEO, referindo-se aos acordos de exclusividade firmados pelo iFood entre 2021 e 2022, que foram limitados por determinação do Cade.
Meta: dobrar o faturamento
Com um faturamento de R$ 2,5 bilhões em 2024, o Rappi tem como meta atingir R$ 5 bilhões em 2025. Criniti se mostra confiante na execução do plano e não descarta ampliar o investimento. “Se entregarmos o resultado no topo do que projetamos, podemos, sim, investir mais. Mas, por enquanto, estamos firmes e com os pés no chão”, conclui.
Com informações de IstoÉ







