O relatório anual da Repórteres Sem Fronteiras (RSF), publicado nesta quinta-feira, 16, apontou que 488 jornalistas foram detidos no mundo em 2021, um aumento de 20% em relação a 2020. No entanto, a pesquisa aponta que o número de comunicadores mortos caiu para 46, até dados coletados no dia 1º dezembro. A instituição justificou que a “baixa” é resultado do fim parcial dos conflitos armados na Síria, Iraque, Afeganistão e Iêmen.

“É preciso voltar a 2003 para encontrar um número de mortos inferior a 50”, explicou o comunicado da organização com sede em Paris, França. O México e o Afeganistão continuam no topo da lista dos países onde é mais perigoso exercer a profissão. “Nunca, desde a criação do balanço anual da RSF, em 1995, o número de jornalistas presos foi tão alto”, prosseguiu, destacando que, do total, 60 são mulheres, outro recorde .

Dos mortos, trinta foram assassinados deliberadamente, sete deles no México. O país da América do Norte foi o mais perigoso pelo terceiro ano consecutivo. Nos últimos cinco anos, 47 repórteres perderam a vida na região. “Alimentada por uma impunidade quase total, e na ausência de reformas corajosas por sucessivos governos (…), a espiral de violência parece não ter fim”, denunciou o relatório.

No Afeganistão, seis jornalistas foram mortos durante o ano em ataques e bombardeios. O país asiático, dilacerado por décadas de violência, registra o mesmo número de mortes que o México nos últimos cinco anos, 47. Além dos 488 jornalistas oficialmente atrás das grades, outros 65 foram sequestrados.

O aumento de 20% de jornalistas presos deve-se, em particular, à repressão à liberdade de reportar em três países: Birmânia, onde uma junta militar tomou o poder em fevereiro; Bielo-Rússia, que experimentou uma polêmica reeleição presidencial em agosto; e China, cujo regime comunista assumiu o controle total de Hong Kong.

Na Bielo-Rússia, mais mulheres (17) do que homens (15) foram presas este ano, incluindo Daria Chultsova e Katsiarina Andreyeva, condenadas a dois anos em uma colônia penal por terem transmitido uma manifestação não autorizada ao vivo em uma estação de televisão.

Em relação aos sequestros, a organização jihadista Estado Islâmico (EI) mantém 28 jornalistas, 43% do total mundial, apesar de o grupo ter sido oficialmente derrotado em 2017. Até o momento, as famílias desses repórteres ainda não sabem se estão vivos ou mortos. (Estadão)

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