Embarcação no Rio Javari (Foto: William Cardoso/Metrópoles)

Informações publicadas pelo Metrópoles, edição deste sábado, 23, indicam que apenas 2% a 3% da cocaína produzida no Peru e na Colômbia, que fazem fronteira com o Brasil, são apreendidos em território brasileiro na Rota do Solimões, que tem a hegemonia do Comando Vermelho (CV).

De acordo com as informações obtidas junto ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a site sustenta que, na prática, a fronteira do Brasil com o Peru e a Colômbia só existe nos mapas e que na vida real não há qualquer tipo de controle no acesso aos rios da região do Alto Solimões – uma área de 96 mil quilômetros quadrados, equivalente ao território de Portugal, e com intensa atuação do crime organizado.

O Metrópoles cita, ainda, que entre Tabatinga, no Brasil, e Letícia, na Colômbia, não há posto das Forças Armadas, aduana ou qualquer órgão de fiscalização de práticas criminosas e que entre as duas cidades transita-se livremente entre os dois países.

O site aponta, também, que na tríplice fronteira é formada ainda pela ilha peruana de Santa Rosa, acessível com qualquer canoa, sem abordagem de autoridades de segurança.

O Metrópoles destacou, por exemplo, que a cocaína é transportada, muitas vezes, nessas pequenas embarcações, que promovem um vaivém frenético pelo Solimões, rios e igarapés da região.

Ainda de acordo com o site, ao longo do Rio Javari, um curso d’água que serpenteia por mais de 1.000 km de extensão, na fronteira com o Peru, qualquer um pode cruzar de uma margem a outra sem ser incomodado e o patrulhamento é exercido na prática pela Polícia Militar do Amazonas, com 156 integrantes no batalhão de Tabatinga.

O que diz o pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) Cesar Mello – Existe uma série de dificuldades para se combater o crime organizado na Amazônia, incluindo o descompasso entre Forças Armadas, Polícia Federal e Polícia Militar, a quem caberia fazer “o que ninguém faz”, na sua visão.

– A Marinha faz somente a fiscalização administrativa, enquanto Exército e PF afirmam que o patrulhamento dos rios da região de fronteira não está entre as suas atribuições. Restaria então à PM as abordagens aos grupos criminosos em milhares de quilômetros de cursos d’água.

– Costumo dizer que um barco transportando droga desde Tabatinga (AM) até a foz do Atlântico em Macapá (AP), se tivesse muito “azar”, passaria na frente de apenas dois postos de fiscalização ao longo desses milhares de quilômetros de rios. Outro fator que deve ser considerado é a maneira como essa droga é transportada: misturada às toneladas de carga que se movimentam pelos rios, ocultas nas embarcações, misturadas às bagagens pessoais, dentro dos tanques de combustíveis, de botijão de gás (que são transportados aos milhares), em fundos falsos de canoas regionais e de muitas outras maneiras que a inventividade criminosa possa criar. Ou seja, é impossível fiscalizar tudo.

– Hoje, em Tabatinga, a Marinha não faz patrulhamento nos rios e apenas realiza a fiscalização administrativa das embarcações (habilitação do comandante e condições de segurança – não fiscaliza carga e nem pessoas); A Polícia Federal não faz patrulhamento nos rios pois alega que é polícia judiciária e só investiga; O Exército não faz patrulhamento dos rios pois alega que não é missão dele; No Alto Solimões não há presença permanente do IBAMA e nem do ICMBio. Em resumo, a PM acaba fazendo aquilo que ninguém faz, mas alguém tem que fazer. À noite, os rios são terra sem lei.

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https://www.metropoles.com/sao-paulo/brasil-apreende-so-3-da-droga-que-entra-no-pais-via-rota-do-solimoes

https://www.metropoles.com/sao-paulo/a-noite-rios-sao-terra-sem-lei-diz-pesquisador-sobre-amazonia

https://www.metropoles.com/sao-paulo/fronteira-dominada-pelo-trafico-no-am-tem-menos-pms-do-que-na-paulista

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