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O tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, réu na ação penal da suposta trama golpista contra o resultado das eleições de 2022, confirmou ter participado de um encontro no apartamento do general Braga Netto com o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, mas disse que não ocorreu nada de ilegal e que o “clima era de velório”. Braga Netto, também réu na ação, foi candidato a vice na chapa de Bolsonaro, derrotada pela chapa de Lula e Geraldo Alckmin.

Lima é interrogado no Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde desta segunda-feira (28/7) e afirmou que, de fato, o encontro ocorreu no apartamento do general, mas que não foi tratada nenhuma questão de golpe, tampouco o repasse de dinheiro de Braga Netto dentro de uma sacola de vinho para financiar a Operação Punhal Verde e Amarelo – conforme apontado pela acusação.

“A investigação falou em diversos documentos que foram encontrados com outros [que estavam no encontro], sobre o que poderia ter sido tratado nessa reunião. Nada de ilegal ou diferente foi tratado. Era clima de velório. Era o general [Braga Netto], chateado do jeito dele, sem esmorecer, falando de coisas do dia a dia, do cenário do que estava acontecendo, mas com um ar que tinha ‘seguido em frente’. Não vi nada diferente disso”, disse Lima.

O militar pontuou que, além dele e de Cid, estava o major Rafael Martins de Oliveira no encontro no apartamento do general e que ficou no local, no máximo, 30 minutos.

“Nenhuma autoridade [foi monitorada]. Nem na inteligência prestei esse tipo de trabalho. Nunca fiz isso que o senhor está perguntando”, disse o tenente-coronel, respondendo ao juiz Rafael Henrique Tamai, do gabinete do ministro Alexandre de Moraes – que conduz a audiência.

Logo em seguida à manifestação da defesa, o tenente-coronel afirmou que não é verdade que Mauro Cid saiu mais cedo do encontro, em 12 de dezembro. “A memória dele lembra do que interessa para o objetivo dele. Não vou acusar ele de nada. Só ele sabe o que ele passou. Mas ele escolhe quando tem boa memória e quando não tem boa memória”, concluiu Lima.

Carta

A acusação aponta que, em 28 de novembro de 2022, após a vitória de Lula na eleição presidencial, os réus se reuniram para discutir a elaboração de uma carta de teor golpista a ser enviada aos comandantes das Forças Armadas.

Além disso, afirma a PGR, o grupo planejava ações para provocar um fato de forte impacto e mobilização social, o que permitiria a Bolsonaro e seus aliados avançarem no plano golpista. Veja quem são os réus do núcleo 3:

  • Bernardo Romão Correa Netto – coronel do Exército;
  • Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira – general da reserva do Exército;
  • Fabrício Moreira de Bastos – coronel do Exército;
  • Hélio Ferreira Lima – tenente-coronel do Exército;
  • Márcio Nunes de Resende Júnior – coronel do Exército;
  • Rafael Martins de Oliveira – tenente-coronel do Exército;
  • Rodrigo Bezerra de Azevedo – tenente-coronel do Exército;
  • Ronald Ferreira de Araújo Júnior – tenente-coronel do Exército;
  • Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros – tenente-coronel; e
  • Wladimir Matos Soares – policial federal.

Interrogatório

Diferentemente dos réus do núcleo 1, os do núcleo 3 prestarão interrogatório de forma virtual. O primeiro a ser ouvido será Bernardo Romão Correa Netto. Em seguida, os demais serão interrogados conforme a ordem alfabética.

Todos os acusados deverão estar presentes na sessão virtual para responder às perguntas. Os advogados poderão acompanhar os interrogatórios ao lado de seus clientes. Com Metrópoles.

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