
A Roche divulgou resultados positivos da fase III do estudo lidERA, que avaliou o giredestranto, um degradador seletivo do receptor de estrogênio (SERD) oral, como tratamento adjuvante para pacientes com câncer de mama em estágio inicial, ER-positivo e HER2-negativo. Esta é a primeira vez em cerca de duas décadas que uma nova terapia endócrina demonstra um benefício tão significativo neste cenário.
Mecanismo de Ação e Potencial Terapêutico
O câncer de mama ER-positivo e HER2-negativo é impulsionado pela via do estrogênio. O giredestranto foi desenvolvido para bloquear a ligação do estrogênio ao seu receptor e promover sua degradação, interrompendo ou retardando a proliferação das células tumorais. Sua administração oral representa uma vantagem em termos de conforto e praticidade para as pacientes, e o medicamento foi bem tolerado, com um perfil de segurança consistente.
Resultados do Estudo lidERA
O estudo lidERA atingiu seu desfecho primário de sobrevida livre de doença invasiva (IDFS), que mede o tempo em que a paciente permanece sem sinais de recorrência ou metástase do câncer. Os resultados revelaram uma redução de 30% no risco de recorrência invasiva ou morte com o uso do giredestranto, superando a eficácia do tratamento padrão. Além disso, foi observada uma redução de 31% no risco de recorrência distante. Em três anos, 92,4% das pacientes no braço com giredestranto estavam vivas e livres de doença invasiva, contra 89,6% no grupo de terapia endócrina padrão.
Tolerabilidade Aprimorada e Adesão ao Tratamento
A tolerabilidade é um fator crucial em tratamentos adjuvantes de longo prazo, onde a adesão pode ser comprometida por efeitos colaterais. O giredestranto demonstrou ser mais bem tolerado do que as terapias hormonais padrão, resultando em menos interrupções definitivas do tratamento devido a eventos adversos. Houve uma redução notável nas interrupções por dor e sintomas musculoesqueléticos (1,8% com giredestranto versus 4,4% com o padrão), que são queixas comuns e frequentemente levam à descontinuação. Isso sugere uma maior chance de as pacientes completarem a terapia pelo tempo ideal.
Impacto e Próximos Passos
Maira Santanna, Gerente de Estratégia Médica de Pipeline de Câncer de Mama da Roche Farma Brasil, afirmou: “Os resultados de hoje reforçam o potencial do giredestranto como uma nova terapia endócrina de escolha para pessoas com câncer de mama em estágio inicial, onde há chance de cura. Dado que o câncer de mama ER-positivo representa aproximadamente 70% dos casos diagnosticados, estes achados sugerem que o medicamento tem o potencial de melhorar os resultados para muitas pessoas com esta doença.”
Este avanço é considerado um marco na história do câncer de mama, abrindo a possibilidade de que mais pacientes permaneçam livres da doença por mais tempo. O giredestranto faz parte de um programa clínico abrangente da Roche, com cinco estudos de Fase III em andamento, e o lidERA é o segundo a apresentar resultados positivos, seguindo o evERA, apresentado no Congresso ESMO 2025.










