Salário digno é um dos temas observados pelo Pacto Global da ONU no Brasil — Foto: Adriana Toffetti/Ato Press

O pagamento de salário digno aos seus funcionários, isto é, uma remuneração que garanta uma vida decente ao trabalhador e sua família, é compromisso assumido por apenas uma entre 109 empresas pesquisadas pelo projeto Monitora ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), iniciativa do Pacto Global da ONU – Rede Brasil, em parceria com consultoria KPMG. O levantamento avaliou relatórios públicos de sustentabilidade apresentados anualmente pelas empresas à B3, das atividades entre 2018 e 2022. Das 1.773 empresas participantes do Pacto Global no Brasil, apenas 36 assinaram compromissos públicos com as metas do Movimento Salário Digno até 2030 proposta pelas Nações Unidas.

Segundo Carlo Pereira, CEO do Pacto Global no Brasil , a discussão sobre salário digno é incipiente em todo mundo e traz vários desafios, como a instituições de remunerações diferentes por região e até microrregiões dentro de um mesmo estado. O primeiro ponto, no entanto, é entender o que é um salário justo. No conceito, trata-se de uma remuneração que proporcione um padrão de vida decente o que inclui alimentação, água, habitação, educação, saúde, transporte, vestuário e outras necessidades essenciais.

Estudos apontam, por exemplo, que no Brasil, o valor mínimo de renda digna identificado foi de R$ 2,16 mil por mês, considerando uma família com dois membros economicamente ativos e o número médio de filhos, de acordo com a taxa de fertilidade do país. Mas os dados mostram ainda grandes diferenças regionais. Por exemplo, para a Região não-Metropolitana de São Paulo o chamado salário digno seria de cerca de R$ 3 mil por mês, já para as regiões Sul e Sudoeste de Minas Gerais, o valor é de R$ 2,52 mil.

De acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos (DIEESE), no entanto, se o valor do salário mínimo cumprisse o que reza a Constituição, para suprir as necessidades de uma família de quatro pessoas em dezembro do ano passado ele deveria ter sido R$ 6.439,62.

– Quando se fala em salário digno não se está computado apenas o valor pago no contracheque, mas a remuneração total que pode incluir, por exemplo, benefícios como plano de saúde, vale alimentação. Essa é uma discussão que também precisa ser feita, o que deve ser contabilizado entre os benefícios. É preciso avançar essa análise dentro das empresas para depois ampliar essa discussão regionalmente. Discutir salário digno também é uma forma de discutir redução de desigualdade – avalia Pereira.

Com informações de O GLOBO

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