
Jorge Sampaoli encerrou sua passagem pelo Flamengo com o jeitão que lhe marcou nos 167 dias de Ninho do Urubu. Distante, frio e de poucas palavras, não participou da reunião que selou o fim da frustrante trajetória pelo clube. O empresário Dani Monti e o coordenador Gabriel Andreata o representaram.
Efêmero como o encontro de seu staff com Marcos Braz e Bruno Spindel, que durou seis minutos, foi o período de Flamengo: cinco meses e apenas 39 jogos – com 39 escalações diferentes, 20 vitórias, 11 empates e oito derrotas.
Antes da demissão, Sampaoli comandou três treinos quando todos no clube sabiam que seria demitido a qualquer momento. O constrangimento encerra uma passagem que ficou marcada por um treinador enclausurado na bolha de sua comissão técnica. No dia a dia, principalmente nas últimas semanas, chamou atenção a completa falta de diálogo do argentino com o elenco e com dirigentes.
Tite é o favorito da diretoria rubro-negra para substituir o argentino, mas o ex-técnico da Seleção ainda não decidiu se voltará a trabalhar este ano.
“Plano A, mais do que a Europa”
Anunciado em 14 de abril, Jorge Sampaoli foi apresentado oficialmente três dias depois. O argentino garantiu que o Flamengo era seu “plano A”, inclusive acima de qualquer proposta europeia. Prometeu entregar o máximo para dar alegrias à torcida e devolver competitividade ao time. Não conseguiu cumprir sua missão.
O início foi com vitória e apontou um lado conciliador que não se confirmaria. Trouxe para si Vidal e Marinho, que se destacaram sob sua orientação na seleção chilena e no Santos respectivamente. Ambos foram titulares no primeiro jogo, o triunfo por 2 a 0 sobre o Ñublense, no Maracanã, pela Libertadores.
Perdeu no jogo seguinte por 2 a 1 para o Internacional, mas o Flamengo jogou melhor. Três dias depois, goleou por 8 a 2 o Maringá, pela Copa do Brasil, e disparou frase que se tornaria alvo de cobrança nos meses posteriores: “Quero criar um time invencível”.
Nos três jogos seguintes, a primeira turbulência. Perdeu para o Botafogo, empatou com o Racing jogando com um a mais por muito tempo e acabou derrotado pelo Athletico-PR.
O grande acerto e a primeira decisão que causou turbulência
Na sequência de tropeços citada acima, Sampaoli conseguiu o maior acerto de sua gestão. Transformou o encostado Pulgar em titular absoluto e destaque do time. No primeiro jogo que disputou com o treinador, o volante deu linda assistência para Gabigol marcar no empate por 1 a 1 com o Racing.
No dia 13 de maio, Sampaoli revoltou o vice de futebol Marcos Braz e chocou outros integrantes do departamento de futebol ao fazer cinco substituições no intervalo da vitória por 3 a 2 sobre o Bahia. O time terminou o primeiro tempo com 3 a 1 no placar, mas sofreu na etapa final, mesmo jogando com dois atletas a mais por período considerável.
Passada a partida contra o Bahia, vieram as muitas lesões musculares. Gerson já havia tido problema no aquecimento contra o Botafogo, Pedro lesionou-se em pênalti cobrado contra o Goiás. Diante do Corinthians, mais um machucado no aquecimento – Arrascaeta – e outro durante a partida, o zagueiro Léo Pereira, que, sem condições físicas, fez o gol da vitória atuando como atacante.







