São Paulo, a cidade mais rica do Brasil, não está imune à falta de oxigênio nos hospitais que tratam pacientes com covid-19. Na noite da última sexta-feira (19), de acordo com relatos da prefeitura da capital paulista, 10 pacientes tiveram de ser transferidos da UPA Ermelino Matarazzo, na Zona Leste, por causa de falta do insumo. O secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, chegou a declarar ao jornal O Globo que o problema ocorreu por falta de fornecimento por parte da White Martins.
Em nota, a empresa rebateu o secretário dizendo que não faltou oxigênio, mas sim “planejamento adequado” de UPA em São Paulo. Tanto o Estado como a Grande São Paulo registram uma ocupação dos leitos de UTI superior a 91% e estão em fase emergencial, com somente serviços essenciais funcionando.
De acordo com a nota, a UPA consumiu todo o oxigênio do tanque na 6ª feira e o sistema passou a usar a central reserva dos cilindros. Antes que a reserva acabasse, o reabastecimento do tanque foi realizado. Mas a empresa alertou também que o uso do oxigênio dessa forma em UPAs causa problemas no sistema e no abastecimento.
“A White Martins tem alertado exaustivamente seus clientes sobre os riscos envolvidos na transformação de unidades de pronto atendimento em unidades de internação para pacientes com Covid-19 sem um planejamento adequado“, diz em nota.
O Hospital Municipal Doutor Ignácio de Proença Gouveia também chegou perto do desabastecimento de oxigênio. Mas uma nova remessa foi feita a tempo de impedir a transferência de pacientes.
De acordo com Edson Aparecido, secretário de Saúde da cidade de São Paulo, não há falta de oxigênio, apenas um problema de logística de distribuição. Em entrevista à CNN Brasil, ele afirmou que a UPA pediu o reabastecimento de oxigênio às 11h da manhã de 6 ª feira (19.mar), mas o pedido não foi atendido rápido o suficiente para o atendimento dos pacientes.
“A empresa não conseguiu nos atender até o final da tarde, e aí a equipe médica tomou a atitude correta de fazer a transferência dos dez pacientes para o Hospital Itaquera”, disse.
Aparecido afirmou ainda que a cidade tem enfrentado problemas na distribuição por causa do aumento da demanda. Segundo ele, unidades que abasteciam o estoque de oxigênio uma vez por semana, passaram a fazer o abastecimento 3 vezes por dia. O secretário disse que a prefeitura está em busca de novos fornecedores e usinas para suprir a demanda da pandemia. (Com o Estadão)