A saúde emocional dos trabalhadores brasileiros tem se tornado uma preocupação crescente nos últimos anos. Dados recentes indicam que, em 2024, a ansiedade se tornou a terceira maior causa de afastamentos laborais no país, refletindo um aumento significativo nas questões de saúde mental entre os profissionais.
Uma pesquisa realizada pela Robert Half, uma renomada empresa de recrutamento e consultoria revelou que mais de 40% dos profissionais enfrentam problemas relacionados à saúde mental, como estresse, ansiedade ou burnout em 2024.
Entre os principais fatores que contribuíram para esse cenário estão a carga de trabalho excessiva, a falta de reconhecimento, os ambientes com assédio moral e a insegurança quanto ao futuro profissional.
A saúde emocional é um dos pilares fundamentais para uma vida equilibrada e produtiva. De acordo com a mentora de carreira e psicóloga Cintia Lima, saúde emocional é a capacidade de lidar com as emoções e os desafios da vida de forma equilibrada e saudável. Ela envolve a compreensão, expressão e gestão das emoções, desde as positivas até as negativas.
Cintia explica ainda que a saúde emocional está relacionada ao gerenciamento de sentimentos e comportamentos. Envolve o estado de espírito da pessoa, incluindo o controle de variações no humor. Já a saúde mental engloba questões mais amplas, como condições psicológicas e neurológicas.
Segundo Cintia, os sintomas de que algo não está bem com o colaborador incluem reações exageradas a situações comuns. “Entre elas perda de interesse em novos projetos, queda de produtividade e cansaço excessivo. Destaco ainda a baixa energia, faltas frequentes e aumento dos conflitos com os colegas, que também são sinais de alerta”.
Para a especialista, os líderes desempenham um papel crucial nesse cenário. Eles estão em posição de influenciar diretamente o ambiente de trabalho e a cultura organizacional, afirma Cintia. Entre as ações que podem ser tomadas, estão a criação de um clima de confiança, ajustes na carga de trabalho e a identificação de problemas emocionais para orientar os colaboradores a buscar tratamento adequado.
Por outra via, o Governo brasileiro sancionou, em 27 de março de 2024, a Lei nº 14.831, que institui o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental. Essa certificação é concedida a empresas que adotam práticas efetivas de promoção da saúde mental e do bem-estar de seus colaboradores, incentivando a criação de ambientes de trabalho mais saudáveis e acolhedores. A mentora afirma que o certificado é uma forma das empresas começarem a discutir esse tema e a sua certificação pode atrair talentos que valorizam um ambiente de trabalho saudável.
Além disso, ela acredita que melhores resultados podem ser alcançados, como redução de acidentes e absenteísmo, além de aumento da produtividade. “Há desafios para a conquista da certificação. Haverá necessidade de adaptação aos critérios estabelecidos para evitar que o certificado se torne apenas uma ferramenta de marketing. Manter as práticas após a certificação e investir recursos sem garantias também são obstáculos a serem superados”, ressalta.
Ela finaliza explicando que cuidar da saúde emocional é essencial para enfrentar os desafios da vida moderna. Para isso, é importante adotar práticas que promovam o bem-estar, como buscar autoconhecimento para compreender melhor as emoções, estabelecer uma rotina saudável com boa alimentação, sono adequado e exercícios físicos, além de usar técnicas de relaxamento como meditação e mindfulness. Enfrentar medos com coragem e adotar uma visão positiva da vida também são atitudes que ajudam a construir um equilíbrio emocional duradouro.
“A saúde emocional não deve ser negligenciada, especialmente em um mundo onde os desafios são constantes. O equilíbrio emocional é a chave para o bem-estar individual e coletivo, e iniciativas como a certificação são um passo importante para transformar a relação das organizações com a saúde mental”, finaliza a mentora de carreira e psicóloga Cintia Lima.