Secretário de Segurança, Vinícius Almeida diz que deputado humilhou policiais ao ser abordado em operação

O secretário de Segurança do Amazonas, coronel Vinícius Almeida, saiu em defesa dos policiais militares das Rondas Ostensivas Cândido Mariano (Rocam), que atuaram na abordagem feita na noite da última quinta-feira (4) ao deputado federal Amom Mandel (Cidadania) e à sua companheira, Sarah Mariah, sobre a abordagem feita ao deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM), na avenida Autaz Mirim, Zona Leste de Manaus.

De acordo Vinicius Almeida, o parlamentar não está sofrendo perseguição e, apenas passou por uma abordagem padrão durante Operação Impacto. Ele ressaltou que o deputado cometeu abuso de autoridade e humilhou os policiais militares que estavam realizando o trabalho naquela noite, se valendo do cargo parlamentar que ocupa.

De acordo com o secretário, os agentes realizavam, nas proximidades da bola do produtor, na zona leste, a operação contra o crimes na região. Eles avistaram um veículo com película 100% que transitava de forma suspeita, trocando de faixa e com as lanternas desligadas, e pediram para que a pessoa que conduzia o veículo parasse, mas a ordem não foi atendida imediatamente.

A declaração aconteceu durante coletiva de imprensa realizada neste sábado (6) no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), no Aleixo. Vinícius Almeida, estava acompanhado do subcomandante da Polícia Militar do Amazonas (PM-AM), coronel Thiago Balbi, do subcomandante do Comando Policial Especializado (CPE), Peter Santos e do Delegado Geral Adjunto da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), Guilherme Torres.

O subcomandante do Comando de Policiamento Especializado (CPE), o tenente-coronel Peter Santos, disse que estava no ponto de abordagem da avenida Itaúba quando foi acionado pela equipe da Rocam que estavam na Autaz Mirim. Ele foi informado de que o deputado tinha sido abordado, não gostou e deu voz de prisão à equipe.

“Segundo o relato da equipe, eles verificaram o veículo que estava com as lanternas apagadas, transitando pela via, mudando constantemente de faixa. Então, os policiais resolveram fazer a abordagem para verificar a situação. Tentaram parar o veículo algumas vezes, emitindo sinais sonoros e luminosos e com gestos, mas não foram atendidos. Quando conseguiram fazer a parada do veículo, os policiais verificaram que estavam no veículo três pessoas”, explicou o tenente-coronel Peter.

O tenente-coronel disse que o deputado federal confirmou que não gostou da forma que foi abordado e disse que deu voz de prisão à equipe. Diante do fato, Peter Gabriel sugeriu que todos fossem a Corregedoria relatar os fatos e abrir procedimento caso fosse necessário.

“O deputado discordou e disse que se eu não obedecesse também seria dado voz de prisão a mim. Entrei em contato com o Comando e nesse momento o subcomandante geral da Polícia Militar se fez presente no local para tentar solucionar o caso”, acrescentou.

O subcomandante-geral da PM-AM, coronel Thiago Balbi, se deslocou ao local da abordagem. Ao chegar ao local foi informado por Amom que tinha dado voz de prisão à equipe e que também tinha dado voz de prisão ao tenente-coronel Peter por não atender o pedido de prisão da equipe que o abordou.

“Ele disse que a lei deveria ser cumprida, então sugeri que fosse feito os procedimentos cabíveis. Amom relatou que tinha falado com  o secretário e que todos iriam para a delegacia”

O Secretário de Segurança coronel Vinicius, afirmou que recebeu ligações do coronel Thiago Balbi e também do deputado federal. Ele mesmo quem encaminhou todas as autoridades policiais e o deputado para o 14º Distrito Integrado de Polícia (DIP), onde foi aberto um inquérito para averiguar o caso.

“Cortina de fumaça”

O secretário de segurança Vinícius Almeida, classificou como “cortina de fumaça” a associação da abordagem policial à denúncia de Amom contra a alta cúpula da SSP-AM.

De acordo com Almeida, as acusações de Amom vieram à tona após a Polícia Civil negar a prisão em flagrante dos policiais que o abordaram e o caso repercutir na mídia.

“A partir daí a gente começa a ver diversas postagens, diversas ações do deputado, lógico, em virtude da repercussão que isso tomou na cidade. É inusitado ver um deputado dar uma voz de prisão para uma guarnição que está simplesmente cumprindo o seu dever”, disse Almeida.

“E em uma forma de criar uma cortina de fumaça a gente está vendo nas últimas 24 horas diversas narrativas surgirem a respeito do fato. Uma delas é que teria sido feito uma abordagem em virtude de uma denúncia realizada. O local onde foi realizado o início da operação foi inclusive pauta enviada a toda a imprensa. Todos sabiam onde iria iniciar operação”, completou.

“Nenhum de nós sabe qual é o carro do deputado ou de qualquer outro cidadão para fazer ação direcionada. A cortina avança me atacando dizendo que em algum momento eu seria criminoso ou algo do tipo”, disse Almeida.

“Se existe, na alta cúpula da Segurança, envolvimento com o crime, por que eu recebi uma ligação em que a intenção deliberada era que nós intervíssemos na ocorrência para direcioná-la para um flagrante delito? Coisa que eu jamais iria fazer. Se eu tivesse, sim, seria criminoso. Se fosse, realmente, criminoso, por que ligar para um criminoso buscando apoio? É meio inusitado”, completou Almeida.

Sobre as denúncia contra a alta cúpula da SSP-AM, o secretário disse que a polícia é a autoridade competente para investigar. “Se existem fatos, apresente à autoridade competente. Ela vai tomar o devido processo legal”, disse Almeida.

Após a entrevista coletiva concedida por Vinícius Almeida e a cúpula da segurança, o deputado Amom Mandeu se manifestou através da assessoria de imprensa reafirmando que sofreu ameaças e intimidações após denunciar em dezembro de 2023 os membros da alta cúpula da SSP-AM.

Leia a nota na íntegra:

Nota

Todas as informações referentes à denúncia feita pelo deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM) à Polícia Federal, sobre o suposto envolvimento de membros da alta cúpula da Segurança Pública do Amazonas com organizações criminosas, foram divulgadas nesse sábado (06/01) à imprensa local. Junto a esse material estavam as informações sobre a consequente abordagem policial ocorrida na última quinta-feira, 4 de janeiro de 2024.

A denúncia à PF, que ocorreu no dia 13 de dezembro de 2023, foi mantida em sigilo por questões de segurança. Nas semanas seguintes, o deputado sofreu ameaças, insinuações e intimidações de diversas vertentes, além de ter sido alvo, junto com a sua companheira, de uma abordagem policial truculenta. Por esse motivo, Amom decidiu trazer a público o caso, como tentativa de se resguardar. Sendo assim, é falsa a afirmativa do secretário de Segurança Pública do Amazonas, Cel Marcos Vinícius, dita em coletiva, de que o deputado fez uma cortina de fumaça.

A abordagem policial truculenta foi relatada à Polícia Federal e foi apensada como parte da investigação anterior. Esse inquérito irá apurar tanto o envolvimento da alta cúpula da segurança pública com facções criminosas, quanto as intimidações contra o parlamentar. As medidas cabíveis foram tomadas e a investigação dos fatos será feita de acordo com os trâmites legais.

Amom Mandel (Cidadania-AM)
Deputado federal

6 de janeiro de 2024

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