O delegado federal Sérgio Fontes, secretário municipal de Segurança ao falar com a imprensa em coletiva na manhã desta quinta-feira (27) apontou as incoerências em relação ao dossiê, elaborado dentro da Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência (Seai), da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-Am).
Entre outros itens, Sérgio Fontes apontou que o texto “não tem assinatura, nem origem, nem informações sobre diligência” e tem “emissão de juízo de valor”, o que o invalidaria como documento oficial, além de ter sido elaborado um período em que a SEAI estava corrompida – tanto que seu dirigente foi preso na Operação Garimpo Urbano.
O material, destacou o secretário, que como delegado tem mais de 30 anos de experiência em diligências e investigações policiais, inclusive na área de inteligência, tem 63 páginas, mas em menos de seis linhas cita o prefeito e o vice-prefeito.
“O tal dossiê não tem origem, não identifica a autoridade que o solicitou. Da mesma forma não tem documento que explique como se chegou a um determinado celular, de onde teriam sido extraídos diálogos. E se foi conversa grampeada, não tem ordem judicial”, afirmou Sérgio Fontes, que acrescenta:
“Esse material mistura informações, parte do nada para chegar a lugar algum. E ao invés de subsidiar uma investigação da polícia judiciária (Polícia Civil), porque esse é o papel da Secretaria Adjunta de Inteligência do Estado (Seai), onde esse dossiê foi produzido, é encaminhado ao Ministério Público, sem qualquer conclusão. E de lá, não gerou nenhum inquérito, justamente por total inconsistência e base legal”.
O secretário lembrou ainda que no período em que o dossiê foi elaborado, a Seai era comandada por criminosos. Investigações do Ministério Público resultou na Operação Garimpo Urbano, que prendeu o então titular da Seai e outros policiais que atuavam no órgão. O grupo usava a estrutura do Estado para fazer grampos ilegais de telefones para extorquir e praticar crimes.
PERÍCIA
Sérgio Fontes disse que entre esta quinta-feira e amanhã, dia 28/10, a perícia sobre a voz nos diálogos, que é atribuída ao prefeito, será concluída. Segundo ele, demais medidas legais também já foram adotadas para se chegar a quem produziu o dossiê, que, na avaliação do próprio prefeito, é tornado público às vésperas da eleição de segundo turno “com o intuito de constranger autoridades”.
Vale lembrar que no atual processo eleitoral, David Almeida tem grande aprovação popular da gestão dele à frente da Prefeitura, na casa dos 80%, e que apoia o líder das pesquisas de intenção de voto, o governador Wilson Lima, candidato à reeleição.