Foto: Divulgação/Rayo Vallecano

Rival do Real Madrid nesta quarta-feira, o Rayo Vallecano é um clube da primeira divisão do Campeonato Espanhol sediado em Vallecas, um bairro de Madrid. A equipe considerada pequena, que já contou com alguns nomes conhecidos no futebol brasileiro como o zagueiro Gilmar e o meio-campista Jorge Valdívia, é conhecida pelo engajamento político de viés esquerdista de sua torcida.

O Rayo tem sua história ligada ao enfrentamento contra a era franquista espanhola, afinal o bairro de Vallecas se tornou símbolo de resistência contra o general-ditador Franco, que comandava o país. Torcedor do Real Madrid, Franco investia na equipe merengue para conquistar torcedores e fazer com que todos torcessem para seu time. Buscando, desta forma, que o povo seguisse seu regime por meio do futebol.

Os moradores de Vallecas e torcedores do Rayo Vallecano, então, se tornaram combativos e os movimentos de oposição foram realizados no Estádio de Vallecas, casa da equipe espanhola. Além disso, os vallecanos, revoltados, declararam que Vallecas era um bairro à parte em Madri.

As manifestações por causas sociais, por igualdade e contra a repressão foram protagonizadas por um grupo de torcedores do Rayo, chamado Bukaneros. Este grupo é conhecidos por sua forte ideologia de esquerda, que luta por causas sociais e combate ao preconceito. Os vallecanos, inclusive, levavam em suas bandeiras, além das imagens de Che Guevara, frases contra as sucessivas demissões e contra o governo.

O Bukaneros começou no final da temporada 91/92, quando um grupo de sete jovens, torcedores fiéis do Rayo Vallecano, decidiram criar um centro de animação antifascista no Estádio Vallecas para a temporada seguinte. Em meio a tantas torcidas na Espanha que protagonizam cenas lamentáveis, os Ultras do Rayo já desempenharam um papel importante na não contratação de Roman Zozulya.

Caso Roman Zozulya

Em 2017, os Bukaneros foram cruciais para Roman Zozulya, jogador que pertencia ao Real Bétis, jamais atuasse pelo Rayo Vallecano. O atleta ucraniano, acusado de ser filiado à grupos neonazistas na Ucrânia, foi alvo de protestos pesados por parte da torcida, que dada a pressão, fez com que ele nunca fosse utilizado pela equipe madrilenha.

Goleiro negro que virou símbolo da torcida

Nos anos 1990, o goleiro nigeriano Wilfred Agbonavbare, do Rayo Vallecano, foi alvo constante de racismo. Após impedir a vitória do Real Madrid, no Santiago Bernabéu, ao defender um pênalti, ouviu gritos de “Ku Klux Klan” da torcida merengue. Em outros confrontos com o principal clube da capital, era comum ouvir o coro de “negro c…, vai colher algodão”.

Sem tréguas do racismo, Agbonavbare defendeu o Rayo Vallecano por seis temporadas e até hoje é um dos grandes ídolos do clube. O Rayo, inclusive, nomeou o portão de número 1 do Estádio de Vallecas em homenagem a ele. O goleiro também foi eternizado com um mural na fachada do estádio. “Por sua defesa da faixa e sua luta contra o racismo, o rayismo nunca te esquecerá. Eterno Willy.”

Uma temporada depois de Agbonavbare deixar o Rayo, a torcida organizou sua primeira “Jornada contra o racismo”, evento que promove todos os anos em combate ao preconceito. Em 2011, o ex-goleiro foi o convidado de honra da torcida para as solenidades. Seria a última vez que pisaria no gramado do estádio que o consagrou.

Com informações de: O Globo

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