O secretário de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas, Serafim Corrêa (PSB), defendeu, em entrevista ao jornalista Valmir Lima, do Amazonas Atual, a pavimentação da BR-319 de forma racional, seguindo os critérios estabelecidos pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e pela Justiça Federal. Na conversa, concedida nesta sexta-feira (11), Serafim também isentou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, de responsabilidade pelo atraso nas obras da rodovia e criticou o que classificou como “narrativas simplistas” usadas para justificar a paralisação do projeto.

“Nosso problema não é a Marina. Ela se tornou o bode expiatório de uma situação que é muito mais complexa e exige governança, planejamento e diálogo entre os poderes e os órgãos ambientais”, afirmou o secretário.

Serafim endossa a proposta do Dnit para o asfaltamento do trecho conhecido como “Trecho do Meio”, entre o km 250 e o km 655,7 da BR-319. O plano prevê a execução da obra com base em 25 condicionantes socioambientais, que também foram respaldadas em decisão da Justiça Federal, proferida pela juíza Mara Elisa Andrade, da 7ª Vara Federal Ambiental e Agrária do Amazonas.

Segundo o secretário, a estrada, que liga Manaus a Porto Velho, já apresenta tráfego intenso mesmo nos 405 quilômetros ainda não pavimentados. A falta de infraestrutura, no entanto, torna a viagem arriscada. “Você não tem policiamento, não tem sinal de celular, não tem posto de gasolina. Se quebrar no caminho, depende da sorte de alguém passar para pedir socorro. Isso é inaceitável”, afirmou.

Serafim também destacou que, durante o auge da seca de 2024, a BR-319 se tornou uma via essencial para o transporte de cargas entre Amazonas e Rondônia, reforçando a necessidade de sua reestruturação. “A estrada está sendo usada, mas em condições precárias. Precisamos de um projeto que una desenvolvimento e preservação”, disse.

Sobre as críticas feitas por políticos amazonenses à ministra Marina Silva, especialmente do senador Omar Aziz (PSD), Serafim argumentou que há um desvio do verdadeiro debate. “Falta diálogo. Não se resolve um impasse xingando a pessoa que tem que autorizar o licenciamento. Isso só atrasa ainda mais”, comentou.

Ele também relembrou que promessas de pavimentação da BR-319 foram feitas e descumpridas por governos anteriores, inclusive o do ex-presidente Jair Bolsonaro. Serafim ironizou declarações do general Hamilton Mourão, hoje senador, que durante o governo prometeu que a estrada seria concluída. “Disse que comeria a boina do Tarcísio se a obra não saísse. Estamos esperando até hoje”, provocou.

Ao final, o secretário reforçou que o desenvolvimento da Amazônia precisa estar amparado por critérios técnicos, ambientais e com presença efetiva do Estado. “Não se trata apenas de asfaltar uma estrada, mas de garantir governança e fiscalização para evitar o caos fundiário e ambiental. A pavimentação deve ser parte de um plano de Estado, não de um jogo político”, concluiu.

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