A partir desta quinta-feira (30/7), a Globo exibe semanalmente os 10 episódios da série Hebe. A produção, que já está disponível no Globoplay, é um mergulho na vida da apresentadora e, igualmente, na história da televisão brasileira. Ambas marcadas por contradições, erros e acertos.

A série Hebe é uma versão estendida do filme, que foi lançado em 2019 – veja aqui a crítica do Metrópoles. A trajetória de uma das mais carismáticas figuras da televisão brasileira é abordada em dois momentos. No primeiro, que vai de 1943 e 1954, a artista é vivida por Valentina Herzage.

Em seguida, no retrato dos anos 1965 a 2012, Hebe é vivida por Andréa Beltrão, em uma interpretação que arrancou diversos elogios.

A série vai revelar, ainda, Hebe em um ângulo diferente daquele em que todos se acostumaram a vê-la. Sua relação de cumplicidade com o pai, Fêgo (Ângelo Antônio), seus amores e a paixão pelo filho, Marcello (Caio Horowicz), ganham foco na obra. Além, é claro, dos amores e da construção da carreira.

Hebe, ao contrário do que boa parte da audiência mais nova conhece, é uma figura mais complexa do que o estereótipo da apresentadora que falava “gracinha” pode supor. Vinda de uma infância pobre, ela foi cantora de sucesso e era uma mulher de contradições.

As diversas fases

Cantando, Hebe ficou conhecida no Brasil e foi convidada para ser uma das estrelas da Tupi. Nos anos 1980, com o Brasil caminhando para o fim da ditadura militar, ela abriu portas da televisão para gays, transsexuais e outros tipos de movimento da contracultura.

“Os anos 1980 foram a fase mais interessante da Hebe, para mim, porque ela estava no auge como mulher e como apresentadora”, opina a atriz Andréa Beltrão. Já Valentina comentou a dificuldade em construir a fase mais jovem da apresentadora e cantora.

“Eu tinha poucas referências da Hebe jovem, e eu tinha que trabalhar a fala e a musicalidade. Eu acho que fazer a fase jovem é muito legal porque eu me identifico muito com a curiosidade que ela tinha das coisas. Acho que nunca me diverti tanto em um trabalho quanto nesse”, afirma Valentina.

André Beltrão recorreu à memória afetiva, de quando assistia Hebe ao lado da avó. “Eu me apaixonei por ela, pela coragem de ser quem era. Foi muito difícil interpreta-la, mas me senti muito apoiada pela equipe de criação e tudo foi levado para que a gente chagasse a um lugar de interpretação e releitura livre dessa mulher”, pontuou.

Contradições

Ao longo de sua vida, com boa parte exibida pela televisão, Hebe Camargo foi marcada por contrastes. Abriu as portas para LGBTs na televisão e era muito religiosa. Fez um aborto e era tida como careta. Brigou com a censura, mas apoiou Paulo Maluf.

“Esse trabalho teve essa alegria de conseguir construir uma mulher que era mãe, era filha, era careta e queria ser livre”, resumiu Andréa Beltrão.

A montagem da personalidade de Hebe, tanto no filme quanto na série, foi um trabalho de construção a partir de um grande acervo.

“Era um material tão rico, tão denso, que o que eu fiz foi um mergulho muito solto e profundo. Eram mais mais de 3 mil recortes de jornais e revistas, que uma fã guardou, desde que a Hebe estreou no rádio até o final da vida dela. Deu tudo muito certo”, conclui Carolina Kotscho, criadora da série. (Metrópoles)

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