Reprodução/Redes Sociais

O cantor e ator Seu Jorge usou as redes sociais para se manifestar, nessa segunda-feira (17/10), sobre ataques racistas em um show realizado em Porto Alegre, na última semana. O caso ocorreu na última sexta-feira (14/10), durante um show da turnê Irmãos, em que Seu Jorge divide palco com o músico Alexandre Pires.

A apresentação ocorreu no clube Grêmio Náutico União. À polícia, foram relatados sons de macacos, além de gritos de “vagabundo” e “safado”.

O caso está nas mãos da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI), do Departamento Estadual de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV), que tenta entender o que aconteceu no show do cantor.

No vídeo divulgado nessa segunda, o artista disse que finalizou a apresentação e saiu do palco. Antes de retornar para fazer o “bis”, foi surpreendido com gritos e ofensas racistas.

“Começo a escutar muitas vaias e xingamentos, e logo, por conta disso, percebi que não seria possível voltar para fazer o famoso bis. Voltei ao palco e de maneira respeitosa agradeci a presença do público e me retirei do local do show. Eu não reconheci a cidade que eu aprendi a amar e respeitar. Não era a cidade que eu conheci. O que eu presenciei foi muito ódio gratuito e muita grosseria racista”, relatou.

De acordo com o cantor, as únicas pessoas negras que estavam no clube eram funcionários. Ele ouviu relatos de que os trabalhadores foram proibidos de interagir com os músicos.

“Um evento reservado somente para os sócios do clube. Particularmente, não percebia nenhuma pessoa negra no jantar. E as pessoas que eu encontrei foram somente os funcionários. Ouvi dizer que estavam proibidos de olhar para mim ou falar comigo quando eu chegasse no local do show”, contou. Veja:

Combate ao racismo

No relato, Seu Jorge se dirige às comunidades negras do Brasil, detalhando o combate ao racismo no país: “Estamos mais unidos do que nunca e vamos vencer essa guerra que segrega o nosso povo à miséria e à falta de oportunidades. Que mata e maltrata nosso povo, filhos, sobrinhos, primas, irmãs, irmãos, todos os dias”.

“Estaremos na luta juntos, denunciando e combatendo todo tipo de tipificação da nossa gente, e respondendo com excelência, preparo, coragem, sabedoria e diplomacia. Nunca, jamais, nos curvaremos ao racismo e à intolerância, seja ela qual for”, afirmou.

Investigações

Além do depoimento de diversas pessoas que estavam na plateia, vídeos da apresentação estão sendo analisados pela Polícia Civil de Porto Alegre.

A corporação ainda pretende ouvir novas testemunhas e, de acordo com as autoridades responsáveis pelo caso, Seu Jorge seria a vítima das ofensas. Apesar disso, o crime diz respeito à coletividade e independe de qualquer representação da vítima.

Em nota, o clube Grêmio Náutico União afirmou que está “apurando internamente os fatos ocorridos”.

“Se for comprovada a prática de ato racista, os envolvidos serão responsabilizados. Afirmamos que o União, seguindo seu Estatuto e compromisso com associados e sociedade, repudia qualquer tipo de discriminação”, divulgou a organização.

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