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Recentemente, a Netflix anunciou a data de estreia de A Vítima Invisível: O Caso Eliza Samudio, que chega em 26 de setembro. A produção documental vai recontar a história do crime brutal cometido pelo, à época, goleiro do Flamengo, Bruno. O documentário é mais um título na extensa lista de true crimes brasileiros.

Ainda em 2024, o caso do Maníaco do Parque vai ganhar filme, em 8 de outubro, no Prime Video. No longa, Silverio Pereira vai dar vida a Francisco de Assis Pereira, que foi condenado a 268 anos de prisão pela morte de 7 mulheres. O mesmo canal anunciou a produção da série ficcional Tremembé, que retratará o local conhecido por receber condenados por crimes de grande repercussão nacional e também trará as trajetórias de Christian Cravinhos, condenado pelo assassinato dos pais de von Richthofen, Roger Abdelmassih, médico condenado pelo estupro de dezenas de pacientes em sua clínica de fertilização e Elize Matsunaga, condenada por assassinar o seu marido, dentro da prisão.

Esses títulos são os mais recentes de uma leva que inclui Isabella: O Caso Nardoni, a franquia A Menina que Matou os Pais, Pacto Brutal – O Assassinato de Daniella Perez, Flordelis — Em Nome da Mãe e Elize Matsunaga: Era Uma Vez um Crime. Fortalecido pela chegada dos serviços de streaming no Brasil, o gênero tem explorado os principais e mais chocantes crimes ocorridos no país.

Para Ullisses Campbell, jornalista e escritor especializado em crimes reais, autor dos livros sobre Flordelis, Suzane Richthofen e o Maníaco do Parque, a crescente demanda por produções do gênero está ligada ao aumento dos canais de divulgação da produção audiovisual.

“Os crimes reais são retratados pelo audiovisual há muito tempo, mas com a popularidade dos streamings, isso ficou mais evidente. Acho muito bom ter esses filmes, porque o Brasil não registra na sua história os crimes emblemáticos, e eles fazem parte do retrato de uma sociedade”, diz o escritor, em entrevista ao Metrópoles.

Essas obras se concentram em narrativas e análises detalhadas dos crimes, incluindo investigações e entrevistas com pessoas ligadas aos casos. Muitas vezes, elas trazem à tona detalhes que não foram amplamente divulgados na época dos crimes.

Em Pacto Brutal – O Assassinato de Daniella Perez, da Max, por exemplo, o público mergulha nos bastidores do caso que chocou o país nos anos 1990. Já A Menina que Matou os Pais e O Menino que Matou Meus Pais oferecem versões ficcionalizadas do caso envolvendo Suzanne Von Richthofen e os irmãos Cravinhos. Roteirista de Tremembé, que será uma série de ficção, Campbell avalia a diferença entre as duas linguagens.

“Quando o crime é recriado de forma documental, é jornalismo. Tem que ser 100% fiel e é feito com depoimentos. Mas quando a produção é ficcional, inspirada na realidade, aí tem que entrar dramaturgia, para poder, inclusive, trazer elementos para tornar aquela obra mais atraente”, explica o autor.

Em Pacto Brutal – O Assassinato de Daniella Perez, da Max, por exemplo, o público mergulha nos bastidores do caso que chocou o país nos anos 1990. Já A Menina que Matou os Pais e O Menino que Matou Meus Pais oferecem versões ficcionalizadas do caso envolvendo Suzanne Von Richthofen e os irmãos Cravinhos. Roteirista de Tremembé, que será uma série de ficção, Campbell avalia a diferença entre as duas linguagens.

“Quando o crime é recriado de forma documental, é jornalismo. Tem que ser 100% fiel e é feito com depoimentos. Mas quando a produção é ficcional, inspirada na realidade, aí tem que entrar dramaturgia, para poder, inclusive, trazer elementos para tornar aquela obra mais atraente”, explica o autor.

Influência internacional

A popularidade do true crime no Brasil também pode estar ligada à influência de produções internacionais, especialmente dos Estados Unidos. Séries como American Crime Story, lançada em 2016, que narram crimes de grande impacto como o julgamento de O.J. Simpson e o assassinato de Gianni Versace, definiram a linguagem moderna do gênero: enredos envolventes, atuações marcantes e a recriação de cenários reais de forma quase documental.

“Os americanos fazem isso [true crime] há muito mais tempo que a gente, eles consomem muito mais. Eu estava vendo que o [Jeffrey] Dahmer e Ted Bundy têm até souvenir como xícara, estampa em camiseta. Os americanos têm praticamente uma cultura do true crime”, analisa Campbell.

Para o autor, apesar da influência, o gênero ganha um novo olhar no Brasil. “Aqui, parte da sociedade ainda torce o nariz por achar que essas obras glamourizam o criminoso e desrepeitam à vítima. Mas eu acho que é um debate, né? Porque a gente não pode, em função disso, deixar de registrar esses crimes, jogar eles para debaixo do tapete”, completa.

 
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