Revista Veja | Em mais uma etapa da Operação Mercadores do Caos, a Polícia Civil do Rio de Janeiro, em parceria com o Ministério Público estadual, prendeu na manhã desta quarta-feira, 17, o superintendente de Orçamento e Finanças da Secretaria Estadual de Saúde, Carlos Frederico Verçosa Duboc. A ação investiga a suspeita de fraudes na compra de respiradores para o combate ao novo coronavírus pelo governo Wilson Witzel. Segundo a força-tarefa, o esquema fraudulento desviou mais de 18 milhões de reais dos cofres do Palácio Guanabara.
“Passados mais de dois meses da data de entrega dos respiradores comprados emergencialmente, sem licitação, nenhum equipamento foi entregue pelas empresas, nem o dinheiro devolvido aos cofres públicos”, disse o MP em nota. Foram cumpridos ainda nove mandados de busca e apreensão, sendo quatro no Rio e cinco em Brasília. O mandado de prisão de Duboc foi expedido pela 1ª Vara Criminal Especializada do Rio. O empresário Anderson Bezerra também foi preso pelos agentes.
Carlos Frederico Verçosa Duboc estava em casa, no bairro de Pendotiba, em Niterói, na Região Metropolitana. O superintendente respondia diretamente ao ex-subsecretário-executivo estadual de Saúde Gabriell Neves, preso na primeira fase da Mercadores do Caos em 7 de maio. Em entrevista exclusiva a VEJA em abril, Neves revelou que todas as compras realizadas pela pasta tinham o aval de Edmar Santos, ex-secretário estadual de Saúde exonerado do cargo após o escândalo. Em depoimento a promotores do MP`dentro de Bangu 8, Neves confirmou a informação de VEJA e admitiu ter havido irregularidades nos processos de compra.
Duboc é servidor do município do Rio, mas está cedido ao governo do estado desde 2019. Ele era o responsável por autorizar despesas da secretaria. Antes de ser preso, o superintendente foi mantido no cargo pelo novo secretário estadual de Saúde, Fernando Ferry, e participava até de reuniões.
Além de Duboc e Gabriell Neves, outras etapas da Operação Mercadores do Caos prenderam Maurício Fontoura, dono da Arc Fontoura, empresa envolvida no caso, segundo as investigações, e a esposa e sócia dele, Cinthya Silva Neumann. Na lista, estão também Aurino Filho, dono da A2A, empresa de informática que ganhou contrato para fornecer respiradores ao governo do estado; Glauco Guerra, representante da MHS, outra contratada; e Gustavo Borges, sucessor de Neves na secretaria.
Será exonerado
Em nota enviada a VEJA, a Secretaria estadual de Saúde informou que irá exonerar Carlos Frederico Verçosa Duboc. “Desde 03/06, todos os poderes para ordenações de despesas da secretaria foram delegados somente ao secretário Fernando Ferry. A secretaria reforça o compromisso de transparência e de lisura na gestão pública e se coloca à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos a respeito dos fatos”.