Anabolizantes e suplementos esportivos estão longe de serem sinônimos, como algumas pessoas imaginam. Foto: Rafal Rutkowski/Adobe Stock

Quando se fala em suplementos como whey protein e creatina, tem gente que torce o nariz, porque acredita que essas substâncias estão no grupo dos anabolizantes, apelidados de “bombas”. A confusão costuma acontecer porque as duas categorias têm apelo dentro do universo fitness, em especial da musculação. Mas a verdade é que esses produtos só se assemelham em um ponto: ambos têm indicações específicas, não devem ser utilizados indiscriminadamente e fazem sentido apenas quando prescritos por profissionais de saúde. Sobretudo em termos de finalidade e segurança, as diferenças são significativas.

O que caracteriza cada um

Os suplementos esportivos são substâncias que, como o nome indica, devem suplementar, ou seja, complementar aquilo que a alimentação não está fornecendo.

“Os suplementos têm o objetivo de melhorar o desempenho físico. Alguns podem facilitar a síntese de proteína, aumentar a massa muscular ou ainda auxiliar na recuperação no pós-treino. Eles podem ter proteínas, aminoácidos, vitaminas, creatina, entre outros compostos, mas que devem ser utilizados somente com a orientação de um profissional de saúde [médico ou nutricionista]”, explica o endocrinologista Clayton Macedo, presidente do Departamento de Endocrinologia do Esporte e Exercício da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).

A indicação pode valer tanto para atletas, que têm demandas específicas e muitas vezes sentem uma melhora da performance a partir do consumo, como para pessoas comuns. Segundo a nutricionista Desire Coelho, em coluna do Estadão, indivíduos mais velhos podem ser especialmente beneficiados com o uso de whey protein, por exemplo. “Com o envelhecimento e as mudanças corporais, o consumo de alimentos fontes de proteínas vai diminuindo, mas a nossa necessidade, não, principalmente para os fisicamente ativos”, escreveu a especialista. Nesse cenário, o whey tende a favorecer a manutenção da massa muscular, que, por sua vez, garante mais força e autonomia.

Já os anabolizantes são outra história. Nesse grupo entram substâncias geralmente derivadas da testosterona, que visam simular o efeito do hormônio masculino. Muitas pessoas ainda utilizam esses hormônios para aumentar a massa muscular, a força e a performance – o que é condenado. No ano passado, o uso de anabolizantes com finalidades estéticas e melhora de desempenho foi proibido no País pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

A médica nutróloga Marcella Garcez, diretora do Departamento de Fitoterápicos e Nutracêuticos da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), conta que essa medida foi tomada devido aos sérios riscos à saúde ligados a esses produtos, “incluindo problemas cardíacos, hepáticos, hormonais e até mesmo psicológicos. Além disso, o seu mau uso levou a diversos casos de complicações graves e até mortes, o que reforçou a necessidade de controle rigoroso”.

“As possíveis indicação são médicas”, reforça Macedo, que também é coordenador do Departamento de Atividade Física da Associação Brasileira de Estudos da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso). O médico esclarece que essas situações são bem específicas, como em casos de problemas de crescimento e genéticos. Outro uso aprovado é no contexto de incongruência de gêneros no homem trans. E, em situações raras, na terapia para o tratamento de desejo sexual hipoativo (DSH) em mulheres, entre outros quadros muito peculiares. Em todos esses cenários, o médico é quem orienta o tratamento.

Com informações do ESTADÃO

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