A transição energética ganhou um novo capítulo nesta sexta-feira (14/11) no Amazonas. Em uma ação inédita no município de Careiro da Várzea, mais de 60 motores elétricos foram entregues a pescadores ribeirinhos, iniciativa que promete reduzir drasticamente os custos de navegação e impulsionar o uso de energia limpa nos rios da região. A entrega foi realizada pela Livoltek Brasil, em parceria com o Instituto Somar Amazônia e com apoio técnico da Universidade Estadual do Amazonas (UEA).

A ação integra o Projeto Pixundé, inspirado no peixe elétrico amazônico — símbolo de força, energia e adaptação — e que busca transformar a mobilidade ribeirinha ao validar o desempenho, autonomia e sustentabilidade de motores elétricos em embarcações de uso cotidiano. A pesca é a principal fonte de renda das famílias locais, e o uso dos novos motores deve representar economia significativa com combustível, além de reduzir impactos ambientais.

Segundo o diretor do Instituto Somar Amazônia, Orsine Junior, a iniciativa marca o início de uma mudança estrutural na vida do ribeirinho.

“O projeto é o começo de uma transformação na mobilidade dos transportes na Amazônia. O motor elétrico é mais sustentável, mais barato de operar e exige pouca manutenção. É dignidade e inovação chegando ao nosso povo.”

Atualmente importados da China, os motores elétricos serão nacionalizados e fabricados no Polo Industrial de Manaus (PIM) a partir de 2026, o que deve ampliar a escala de produção e fortalecer a cadeia industrial local. A Livoltek, referência global em sistemas de energia solar, armazenamento e mobilidade elétrica, afirma que o projeto reforça o compromisso da empresa com o desenvolvimento socioambiental da região.

O diretor Latam de Mobilidade da Livoltek, Flávio Pimenta, destacou o impacto da produção regional:

“Fabricar motores elétricos no Amazonas é motivo de muito orgulho. Unimos tecnologia de ponta e compromisso social para gerar empregos e levar inovação às comunidades que representam a alma da Amazônia.”

Já o gerente da fábrica, Márcio Sousa, reforçou que a produção local será decisiva para a expansão do projeto:

“A nacionalização garante escala, manutenção e continuidade do Pixundé. Maniquês será a base dessa transformação a partir de 2026.”

Com os equipamentos em operação, serão avaliados índices de economia, eficiência e impacto socioambiental no cotidiano dos ribeirinhos. O objetivo é comprovar, com dados práticos, que motores elétricos são viáveis para substituir modelos tradicionais movidos a combustível fóssil — reduzindo ruído, poluição e gastos.

A UEA, parceira técnica do projeto, destaca que a iniciativa une ciência, tecnologia e impacto social.

O reitor André Zogahib ressaltou o papel da universidade na construção de soluções amazônicas para desafios amazônicos:

“A UEA se orgulha de integrar uma iniciativa que alia inovação, compromisso social e sustentabilidade. Validar o uso de motores elétricos é garantir eficiência energética, dignidade e futuro para comunidades que dependem dos rios. Essa é a missão da universidade pública.”

Com o avanço do Projeto Pixundé, Careiro da Várzea se torna um dos municípios pioneiros em testar, validar e incorporar a navegação elétrica às rotinas ribeirinhas — um passo concreto rumo a uma Amazônia mais sustentável, tecnológica e socialmente justa.

Artigo anteriorSeleção terá novidades contra Senegal: confira provável escalação
Próximo artigoPolônia x Holanda: saiba onde assistir às Eliminatórias da Copa