
O terremoto de magnitude 8,8 que atingiu a costa leste da Rússia nesta quarta-feira (30/7) provocou alertas de tsunami em diversos países banhados pelo Oceano Pacífico, como Japão, Havaí, Chile e Equador.
O evento ocorreu na Península de Kamchatka, uma das áreas mais ativas do chamado Círculo de Fogo do Pacífico. O tremor foi registrado a cerca de 19 km de profundidade, o que aumenta o potencial para a formação de tsunamis.
Alertas foram disparados em diferentes pontos da costa do Pacífico, e países latino-americanos chegaram a emitir avisos de precaução.
Brasil fora da zona de perigo
Apesar da magnitude, o Brasil não corre riscos reais de ser atingido por ondas provocadas pelo tremor. Segundo o geólogo Silas Costa, do Seridó UNESCO Global Geopark, o país está em uma posição tectônica estável, distante das zonas de subducção que geram terremotos intensos e maremotos.
“O Brasil está longe dos limites de placas tectônicas e em uma região onde as atividades sísmicas são pouco frequentes e, quando ocorrem, costumam ser profundas demais para provocar tsunamis. Não há histórico de eventos do tipo na nossa costa”, destaca o geólogo.
Ele lembra que em 2004, no auge do tsunami que devastou a Indonésia, o nível do mar no Brasil registrou pequenas alterações, mas sem nenhum impacto prático. “Houve variação de até 1,4 metro em equipamentos de medição, mas nada que ameaçasse a população”, afirma.
Países como Chile, Peru, Equador e Colômbia, por outro lado, mantêm protocolos mais rígidos de vigilância, já que enfrentam riscos frequentes. O professor de geografia Flávio Bueno, do Centro Educacional Sigma, explica que as regiões próximas à subducção da placa de Nazca com a placa Sul-Americana estão mais expostas.
“Zonas como Arica, Iquique e Biobío, no Chile, ou Lima e Arequipa, no Peru, têm histórico de tsunamis causados por terremotos locais. O risco nesses casos é mais alto porque a ruptura acontece bem próxima da costa”, afirma.
No caso do tremor registrado na Rússia, ele destaca que o efeito das ondas não deve chegar com força ao sul do Pacífico. “Tsunamis gerados em Kamchatka tendem a se propagar em direção ao Japão, ao Havaí e à costa oeste dos Estados Unidos. O Chile está a mais de 12 mil quilômetros do epicentro e as ondas perdem intensidade com a distância”, diz Bueno.
Mesmo assim, o alerta foi acionado em diversos países como forma de precaução. Em áreas costeiras com baías rasas ou topografia plana, mesmo uma onda moderada pode gerar correntes perigosas e colocar vidas em risco.
Barreiras naturais
Tsunamis dificilmente atravessam de uma bacia oceânica para outra, explica Silas. “A própria configuração geológica dos continentes atua como uma barreira natural. No caso do Pacífico, a América do Sul impede que essas ondas atinjam o Atlântico”, diz.
O geólogo reforça que os oceanos não são apenas divisões geográficas, mas também estruturas tectônicas delimitadas por placas e massas continentais. Por isso, é praticamente impossível que um evento como esse afete o litoral brasileiro.
Sistemas de alerta
As regiões do Pacífico contam com sistemas sofisticados de monitoramento, compostos por sensores oceânicos, boias e estações sísmicas interligadas a centros de controle. A resposta rápida só é possível graças ao investimento em tecnologia e à preparação das populações locais.
“É fundamental que a população saiba como agir quando o alerta é acionado. Não adianta só ter a tecnologia se as pessoas não forem instruídas”, reforça Silas.
Mesmo quando o risco é considerado baixo, ondas de até 1 metro podem ser perigosas em portos, regiões insulares ou locais sem estrutura adequada de evacuação.
Com informações de CNN Brasil.







