
O plano para um acordo de paz entre Ucrânia e Rússia, impulsionado pela proposta do ex-presidente norte-americano Donald Trump, avança nas negociações. Segundo Mykhailo Podoliak, negociador ucraniano, Kiev estaria disposta a aceitar a criação de uma zona desmilitarizada na região de Donbass, no leste do país, conforme noticiado pelo jornal francês Le Monde.
A ideia da neutralidade militar no território ucraniano faz parte do plano em discussão. Podoliak sugere que tanto as forças russas quanto as ucranianas teriam que se retirar de ambos os lados da atual linha de frente em Donbass, uma região que Moscou reivindica integralmente. Ele menciona a necessidade de definir se apenas armas pesadas ou todos os tipos de armamento seriam retirados e a inclusão de “um contingente estrangeiro” e “missões de monitoramento” para garantir o cumprimento do acordo. “Este é um formato natural para o fim do conflito, visto que parte do território infelizmente permanecerá sob ocupação russa de fato e que, de qualquer forma, uma linha de separação será estabelecida”, avaliou Podoliak.
Otimismo Francês e Ressalvas Ucranianas
Em entrevista à emissora FranceInfo, o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, demonstrou otimismo, afirmando que “a paz está ao alcance” na Ucrânia, embora as negociações sobre concessões territoriais sejam delicadas. Barrot enfatizou que “cabe aos ucranianos, e somente a eles, tomar decisões sobre seu território”, mas salientou que a paz é possível se Vladimir Putin “der o passo final e pôr fim a esta guerra imperialista e colonial”.
Na quinta-feira (11/12), o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky discutiu as concessões exigidas para o fim da guerra, incluindo a proposta americana de uma zona desmilitarizada, que ele descreveu como uma possível “zona econômica livre”. No entanto, Zelensky não chegou a aceitar formalmente essa fórmula, defendendo a necessidade de “um referendo” ou “uma eleição” para que o país decida sobre questões territoriais. A criação de uma zona desmilitarizada em territórios que a Rússia não conseguiu conquistar representaria uma grande concessão por parte de Kiev, mas evitaria a renúncia formal à sua reivindicação territorial.
Pressão Americana e o Dilema Europeu
Donald Trump, presidente dos EUA, tem demonstrado impaciência e frustração com a falta de resultados nas negociações, pressionando Kiev a aceitar concessões territoriais, incluindo uma zona desmilitarizada. Karoline Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca, afirmou que Trump “está extremamente frustrado com ambos os lados envolvidos nesta guerra” e quer que o conflito “termine”.
Analistas apontam que os países europeus estão numa posição delicada. Ulrich Bounat, analista de geopolítica, destacou à RFI que os europeus buscam influenciar as negociações, mas acabam reagindo à defensiva. Segundo ele, a Europa não pode se desentender com um aliado como os EUA, especialmente sem autonomia estratégica de segurança, o que os coloca “entre a cruz e a espada”, necessitando de garantias para a Ucrânia e para a segurança europeia, sem alienar Trump, cujas posturas são “antagônicas aos interesses da Europa”.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, enfatizou que “a semana que vem será decisiva” para a Ucrânia. Além das discussões sobre a paz, os próximos dias incluirão uma cúpula de líderes europeus em 18 de dezembro, onde será debatida a possível utilização de ativos russos congelados na Europa para auxiliar a Ucrânia.
Com informações de Metrópoles










