Quando eu era criança, muito antes, portanto, da televisão, havia um herói de história em quadrinhos que se chamava Capitão Marvel. Tratava-se de um homem comum que, ao pronunciar a palavra mágica “shazam”, adquiria poderes extraordinários, inclusive o de voar, e saía por aí na defesa dos fracos e oprimidos. Um Super-Homem sem kriptonita e que, ao contrário deste, tinha, ao que me lembro, uma família, constituída pelo Capitão Marvel Jr. e pela Mary Marvel.

Esses guardiães da humanidade tinham, como contraponto, o doutor Silvana, mais conhecido como “cientista louco”, que vivia aprontando poucas e boas, até para que os super-heróis pudessem demonstrar ao que tinham vindo.

Não que eu queira comparar o doutor Tomohiro Kono, que, aliás, nem conheço, com o tal Silvana. Mas que a última invenção dele e de seus colegas japoneses vai dar panos para as mangas, lá isso vai.

Conseguiram eles a seguinte peripécia, segundo o sítio terra.com.br: “fazer um óvulo de rata se transformar em um animal adulto sem ter sido fertilizado por esperma, de acordo com a revista científica Nature. O óvulo tinha dois grupos de cromossomos pertencentes à mãe, ao invés de um materno e um paterno, como ocorre com um embrião normal”.

Era só o que nos faltava, a nós outros do sexo masculino, sermos alijados do processo de reprodução.

Calma, porém, machões de todo o mundo. “O fenômeno, chamado partenogênese, jamais acontece naturalmente com mamíferos” e, mesmo tendo conseguido que a rata se tornasse auto-suficiente em matéria de tão grande e grave importância, os cientistas advertem (que alívio!) que a experiência “ainda não teria condições de funcionar com seres humanos”.

E o doutor Kono, que trabalha na Universidade de Agricultura de Tóquio, explicou à BBC de Londres, a sua relevantíssima curiosidade cientifica: “Insetos podem se reproduzir por partenogênese. Mesmo galinhas podem ser levadas a se reproduzir por partenogênese. Eu queria descobrir por que os mamíferos são diferentes”.

Agora que descobriu, é bom parar, deixando que essa tal partenogênese faça a alegria apenas das “mosquitas” e dos galináceos, enquanto nós, mamíferos humanos, continuaremos na nossa dura, cansativa, mas agradável faina de conseguir que nossos bruguelos continuem a ser o produto da aplicação da atividade mais antiga e mais conhecida em nossa História.

O rato-fenômeno foi chamado de Kaguya e “se desenvolveu até a idade adulta”. Minhas fontes não informaram o nome de sua ascendente, mas fico imaginando como lhe poderia ter sido lavrado o registro de nascimento: “Aos tantos dias, do mês tal, do ano de 2004, nasceu, nesta cidade de Tóquio, capital do Império do Japão, um rato, que recebeu o nome de Kaguya, filho de Kaguyona, ratazana pioneira e revolucionária, a qual, em favor do progresso da ciência, decidiu pôr cobro à sem-vergonhice dos mamíferos, fazendo sozinha os serviços necessários. A avó do menino (digo, do rato) chama-se Partenogênese”.

Eu, hein!

O texto acima tem vinte anos e até agora eu não sei como funciona essa coisa de fazer “imoralidade” a sós.

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