
O coordenador de vídeo da agência France Presse na Ucrânia, Arman Soldin, havia publicado no Instagram um flagra de ataque com foguetes uma semana antes de morrer numa ofensiva semelhante. Nas imagens, o local onde estava era atingido por foguetes ‘Grad’, mesmo tipo de armamento usado no bombardeio que o vitimou nesta terça-feira.
Na ocasião, Soldin afirmou que viu explosivos caírem a 50 metros do grupo e que aquele tinha sido “uma das piores coisas” que tinha enfrentado no período de cobertura da guerra.
“Ser pego sob uma chuva de Grad com um bando de escavadores de trincheiras é provavelmente uma das piores coisas que já experimentei desde que estive na Ucrânia, com foguetes explodindo a menos de 50 metros de distância. Terror puro”, escreveu o jornalista.
Nesta quarta, o governo russo expressou “tristeza” pela morte do jornalista. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que as circunstâncias em que ele morreu devem ser esclarecidas.
— Devemos entender as circunstâncias da morte deste jornalista — disse o porta-voz. — Só podemos expressar nossa tristeza — acrescentou.
Em uma das suas últimas postagens no Instagram, Soldin publicou uma foto tirada na linha de frente, nas proximidades de Bakhmut, junto a membros de uma unidade de tanques ucranianos. Segundo o texto de Soldin, que acompanha a postagem, os ucranianos afirmavam estar prontos para a “aguardada ofensiva de primavera contra as forças russas no leste do país”.
O bombardeio que vitimou o jornalista ocorreu por volta das 16h30 no horário local (13h30 no horário de Brasília), nos arredores da cidade perto de Bakhmut, alvo de disparos diários das forças russas. Segundo a AFP, ele Arman Soldin foi atingido por foguetes ‘Grad’.

Arman Soldin, de 32 anos, estava na companhia de quatro colegas, que saíram ilesos. Eles estavam com militares ucranianos quando foram surpreendidos pela salva de foguetes. A família de Arman foi informada do falecimento.
Os jornalistas da AFP se deslocam regularmente para esta região para registrar os confrontos no local, epicentro dos combates na Ucrânia há vários meses. “A Agência em seu conjunto está devastada”, declarou Fabrice Fries, diretor-geral da AFP.
— Sua morte é um lembrete terrível dos riscos e perigos aos quais os jornalistas são confrontados no dia a dia ao cobrir o conflito na Ucrânia —, acrescentou.
Colegas lamentam morte
Phil Chetwynd, diretor de informação da AFP, saudou a memória de um jornalista “corajoso, criativo e tenaz”.
— O trabalho brilhante de Arman resume tudo o que nos orgulha do jornalismo da AFP na Ucrânia —, acrescentou.
Jornalista cinematográfico experiente, Arman Soldin era coordenador de vídeo na Ucrânia desde setembro de 2022 e se deslocava com regularidade à frente de batalha. Ele também fazia parte da equipe da AFP que cobriu os dois primeiros dias da invasão russa ao país vizinho
— Arman era um entusiasta, vigoroso, corajoso. Era um verdadeiro jornalista de campo, sempre pronto a partir, inclusive para as áreas mais difíceis —, disse a diretora da AFP na Europa, Christine Buhagiar — Ele transbordava de energia, era assim que ele definia a si próprio nas redes. De uma devoção total ao seu ofício de jornalista.










