A cúpula do União Brasil enfrenta uma crise interna que pode culminar na exclusão de José Marcos de Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, dos quadros diretivo e executivo da legenda, informa Lauro Jardim, do jornal O Globo. Ele é um dos envolvidos, segundo apurações, no esquema bilionário de fraudes investigado pela Operação Overclean, da Polícia Federal.
A investigação, em andamento desde 2023, revelou um sofisticado esquema de corrupção que já desviou mais de R$ 1,4 bilhão, sendo R$ 825 milhões apenas na Bahia em 2024. Moura, ao lado de outros envolvidos, utilizava sua influência política para alavancar contratos fraudulentos, superfaturados e, em muitos casos, inacabados. O escândalo afeta diretamente o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), órgão central nas irregularidades apontadas.
A engrenagem do esquema – O esquema era dividido em três núcleos operacionais. Alex Rezende Parente, identificado como líder, articulava as fraudes e pagamentos ilícitos, enquanto Fábio Rezende Parente movimentava os recursos por meio de empresas de fachada. José Marcos de Moura ampliava a rede política, garantindo proteção e contratos, enquanto Lucas Maciel Lobão Vieira gerenciava obras superfaturadas pela Allpha Pavimentações.
Servidores públicos, cooptados pelo grupo, facilitavam licitações direcionadas e aprovavam contratos superfaturados. Os recursos eram lavados através de notas fiscais falsas emitidas por empresas fantasmas, enquanto planilhas inflacionadas justificavam os gastos exorbitantes. Relatórios fraudulentos e fotografias falsas eram utilizados para burlar fiscalizações.
Impactos e desdobramentos – As investigações revelaram a extensão do esquema, com ligações que vão além do Dnocs e ameaçam expor mais nomes influentes da política nacional. A pressão sobre o União Brasil reflete a tentativa de evitar maiores desgastes à imagem do partido.
Com a intensificação das apurações, espera-se um “efeito dominó” que pode atingir outros políticos e servidores públicos envolvidos, aprofundando a crise ética em diversas instituições. A eventual expulsão de José Marcos de Moura pode ser um movimento estratégico do União Brasil para preservar sua credibilidade diante de um cenário cada vez mais delicado.