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Uma pesquisa inovadora e interdisciplinar acaba de lançar luz sobre um tema delicado e crucial para a saúde pública: o uso prejudicial de álcool entre os indígenas Mayuruna/Matsés do Vale do Javari, no Amazonas. Intitulada “Uso prejudicial de álcool: significações produzidas por profissionais de saúde e indígenas Mayuruna/Matsés do Vale do Javari no Amazonas”, a dissertação foi conduzida pelo pesquisador mestre Francisco Takmony Fernandes Dantas, com orientação do professor Dr. Fábio Alves Gomes da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), e coorientação da professora Dra. María Rossi Idárraga, do Instituto de Natureza e Cultura (INC) – Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

O estudo, parte do Programa de Pós-Graduação em Segurança Pública, Cidadania e Direitos Humanos da UEA, aborda um problema complexo com uma perspectiva histórico-cultural, aliando antropologia, psicologia e serviço social.

Contexto e objetivos  
O trabalho investigou os aspectos psicossociais e culturais relacionados ao uso prejudicial de álcool na Aldeia Lago Grande, na Terra Indígena Vale do Javari, em Atalaia do Norte. A pesquisa buscou compreender as significações atribuídas ao fenômeno por indígenas e profissionais de saúde, com vistas à elaboração de ações intersetoriais que promovam saúde e segurança pública na região.

Metodologia e participantes

Adotando uma abordagem qualitativa fundamentada no materialismo histórico-dialético e na psicologia sócio-histórica, a pesquisa contou com a participação de: 

– 10 indígenas Mayuruna/Matsés (4 mulheres e 6 homens), entre agricultores, estudantes e lideranças, com idades de 22 a 52 anos.
– 11 profissionais de saúde (cirurgião-dentista, psicólogo, nutricionista, entre outros), com idades de 25 a 47 anos.

O método dedutivo permitiu um aprofundamento nas práticas culturais e nos impactos sociais do consumo de álcool.

Principais resultados 

A pesquisa revelou que, na cultura Matsés, o álcool está associado a práticas sociais coletivas, como o trabalho comunitário. Contudo, o uso prejudicial gera crises individuais e coletivas, resultando em violência e tensões que afetam tanto os indígenas quanto os profissionais de saúde que atuam na comunidade.

A compreensão das dinâmicas culturais e das significações atribuídas ao álcool é essencial para a criação de estratégias de intervenção efetivas. A pesquisa destaca a importância de:  


– Fortalecer ações interdisciplinares.
– Promover a inclusão ativa dos indígenas como agentes no processo de transformação social e de saúde.
– Ampliar estudos na área de serviço social, voltados à realidade indígena.

Impacto e relevância

 
Este trabalho evidencia a urgência de abordar o uso prejudicial do álcool como um fenômeno cultural e social, além de um problema de saúde pública. Ele reforça a necessidade de ações colaborativas entre profissionais de diferentes áreas e as comunidades indígenas.
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