O Tribunal do Vaticano absolveu nesta quarta-feira (6) dois padres em um processo por abuso sexual em um pré-seminário situado dentro dos muros da cidade-Estado e conhecido por fornecer os “coroinhas do Papa”.
Os réus são os sacerdotes Gabriele Martinelli, 29 anos, e Enrico Radice, 72. O primeiro é acusado de ter violentado um colega no Pré-Seminário São Pio X, enquanto o segundo, que era reitor da instituição, responde por supostamente ter atrapalhado as investigações contra Martinelli.
A procuradoria-geral do Vaticano havia pedido a condenação de Martinelli e Radice a seis e quatro anos de prisão, respectivamente, mas o tribunal absolveu ambos com a justificativa de que “falta uma prova” de que os abusos tenham ocorrido. Ainda cabe recurso.
“O tribunal estabeleceu que as relações sexuais entre o réu e a pessoa ofendida, de natureza e intensidade diversas, devem ser confirmadas, mas falta uma prova para afirmar que a vítima tenha sido forçada por violência ou ameaça a tais relações com o réu”, diz a sentença.
Segundo a denúncia, Martinelli, que era coordenador e tutor dos alunos, “abusou de sua autoridade” para forçar a vítima, um ano mais jovem que ele, a praticar “atos carnais, de sodomia e relações orais em diversos lugares”.
Os crimes teriam ocorrido entre 2007 e 2012, ou seja, quando o réu tinha entre 15 e 20 anos de idade. Ainda de acordo com a acusação, Martinelli era um dos alunos mais velhos do pré-seminário e usava “violências e ameaças” contra seu colega, que foi identificado apenas como “L.G.”.
Já Radice é acusado de ter protegido Martinelli e de ter tentado ajudá-lo a escapar das investigações. Ele chegou a enviar uma carta ao bispo de Como, seu superior, afirmando que as denúncias contra o seminarista não eram verdadeiras.
O Pré-Seminário São Pio X fica a poucos passos da Casa Santa Marta, residência oficial do papa Francisco, e costuma fornecer coroinhas para ajudar o Pontífice nas celebrações litúrgicas na Basílica de São Pedro. (ANSA).