O agricultor Francisco André da Silva filho, ou Chico Paca, como é conhecido na intimidade, foi picado no dia 7 deste mês de março por uma cobra surucucu-pico-de-jaca, a mais venenosa do Brasil, no Igarapé Grande, a uma hora e meia motor da comunidade amazonense do Gama, no município de Guajará (AM).

No posto de saúde da comunidade do Gama, onde fez a primeira parada em buscar socorro, deu de cara na parede: o vice-prefeito, Adaildo da Costa Melo Filho, que estava como prefeito em exercício, se encontrava na comunidade em um carro da Secretaria de Saúde, simplesmente ignorou a condição de enfermo do agricultor.

“Ele olhou para mim e perguntou: então é o senhor? Depois de dizer que sim, ele prometeu me levar para Guajará e desapareceu”, lembra o agricultor.

Durante três horas de espera no posto da comunidade do Gama, onde aguarda pelo socorro do prefeito, Chico Paca viveu sorte agônica provocado pela ação do veneno da cobra que atua tanto no local, provocando hemorragia, quanto no sistema nervoso central.

A medida que o tempo passava mais difícil ficava a situação do agricultor que precisava ser levado para a sede do município onde receberia uma dose do soro antiofídico ministrado para neutralizar a ação o veneno.

Foi então que, após ser abandonado pelo prefeito em exercício, obteve os favores do caminhoneiro, Eberson Herculano que, de imediato, providenciou o transporte do paciente em uma motocicleta a Guajará.

“Foi Deus que me salvou e o Eberson Herculano, o caminhoneiro da linha, que teve a boa vontade de mandar me deixar em Guajará de moto. Fiquei no posto mais de três horas e o vice-prefeito não apareceu, disseram até o que ele tinha ido fazer… não vou falar, mas com certeza ele, mesmo estando com o carro da saúde não estava resolvendo nada da prefeitura. Eles não estão preocupados com ninguém não, dá para ver né” ?, desabafou.

Chico Paca lembra que ao chegar no posto de saúde do Gama já estava com a perna inchada, situação que, segundo ele, se agravou ainda mais por ter sido transportado em uma moto. 

Já no Hospital Regional de Guajará, onde passou a noite, o agricultor foi informado de que naquela unidade de saúde não tinha o soro necessário para o início do tratamento.

Transferido para o Juruá, ele disse que foi atendido pelos médicos cubanos do hospital local e que depois de receber o soro antiofídico foi mandado para o Hospital de Dermatologia.

“Eu só sei dizer que aquele homem acolá, lá de cima, é justo e a mão dele pesa quando ele vê o cabra massacrando e maltratando os deles. Graças ao gesto humanitário de um caminheiro, o Eberson Herculano, fui socorrido e não morri, como morreria se dependesse do Adaild”, lamentou.

 

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