Duas ocorrências violentas envolvendo mulheres foram registradas no Amazonas e ganharam ampla repercussão nas redes sociais nesta terça-feira (6). Em ambos os casos, os cabelos das vítimas foram cortados ou raspados como forma de castigo, numa prática que evidencia o avanço da cultura de punições humilhantes e a atuação de grupos criminosos no estado.

O primeiro episódio ocorreu no bairro Riacho Doce, na Zona Norte de Manaus, onde duas jovens, que aparentam ser menores de idade, foram obrigadas a ter os cabelos cortados com facas por membros de uma facção criminosa.

 

As imagens, que circulam nas redes sociais, mostram as adolescentes encostadas em um muro enquanto dois homens realizam o corte forçado. Durante a ação, as vítimas foram coagidas a fazer gestos com as mãos representando o número “2”, em alusão ao grupo Comando Vermelho, segundo a Polícia.

Ainda na terça-feira, um segundo caso foi registrado no município de Eirunepé, distante 1.160 quilômetros da capital. Uma mulher teve o cabelo raspado por seu companheiro, identificado apenas como Lucas, conhecido como “Lukinhas”. No vídeo divulgado nas redes, o agressor afirma que a raspagem seria uma punição por uma suposta traição cometida pela vítima. Ele ainda declara que teria vontade de matá-la, mas diz temer represálias de um grupo criminoso da região.

A gravação foi feita por uma terceira pessoa, que também apoia a violência cometida e comenta: “Aqui é assim”.

Após a divulgação do vídeo, “Lukinhas” foi preso pelas autoridades locais. O caso está sendo investigado, e a polícia apura se há envolvimento de organizações criminosas na intimidação sofrida pela vítima.

Os dois episódios reforçam a necessidade de ações urgentes contra a violência de gênero e o domínio de facções em territórios urbanos e do interior do Amazonas, que impõem um regime paralelo de punições e terror à população, especialmente às mulheres.

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