
A médica Elza Gonçalves, viúva do sargento do Exército Lucas Ramon Guimarães, usou as redes sociais para expressar profunda indignação após a decisão do juiz Fábio Lopes Alfaia, que impronunciou o dono da rede de supermercado Vitória, Joabson Agostinho Gomes e outros cinco acusados de envolvimento no assassinato do militar, ocorrido em setembro de 2021, em Manaus. A decisão impede que os réus sejam julgados pelo Tribunal do Júri por falta de provas suficientes.
Com voz embargada e tom de revolta, Elza classificou o episódio como um retrato da injustiça no sistema judicial brasileiro. “Vim fazer esse desabafo por indignação, por injustiça, por um juiz que me conhece desde a adolescência, conhece a índole da minha família, e julgou, impronunciou o processo do meu ex-marido, pai dos meus filhos. Ele absolveu o Joabson, que assassinou o meu marido, ninguém tem dúvida disso”, disse a médica.
Lucas Ramon Guimarães foi morto a tiros no dia 1º de setembro de 2021, na Zona Sul da capital amazonense, enquanto fechava a cafeteria que administrava. De acordo com a investigação da Polícia Civil, o crime teria sido motivado por um caso passional: Joabson, dono da rede de supermercados Vitória, teria descoberto que sua esposa, Jordana Freire, mantinha um relacionamento extraconjugal com o sargento desde dezembro de 2020.
A Polícia apontou Joabson como mandante do crime e identificou Silas Ferreira da Silva como o executor. A decisão do juiz, no entanto, determinou que apenas Silas será julgado pelo Tribunal do Júri. Os demais acusados foram impronunciados e tiveram as medidas cautelares revogadas, incluindo bloqueios de bens e outras restrições judiciais.
Entre os impronunciados estão:
- Joabson Agostinho Gomes, empresário e suposto mandante do crime;
- Romário Vinente Bentes, gerente do supermercado de Joabson;
- Kamylla Tavares da Silva, apontada como intermediadora entre Romário e o executor;
- Kayandra Pereira de Castro e Kayanne Castro Pinheiro, também citadas como envolvidas nos contatos com o atirador.
Para Elza, a decisão representa não apenas um retrocesso, mas uma afronta à memória de Lucas. “A gente sabe o porquê, a gente deduz o porquê, e hoje resolvi fazer esse desabafo pela injustiça do nosso Brasil, que piorou em Manaus, e para todo mundo ficar sabendo disso e se indignar junto comigo”, declarou, emocionada.
O caso
Segundo a investigação, após descobrir o relacionamento da esposa, Joabson teria agredido Jordana e, em seguida, contratado Silas Ferreira para matar o sargento. Jordana, ainda de acordo com o inquérito, teria dado consentimento para o crime. O casal foi preso dias depois, mas conseguiu liberdade por meio de habeas corpus concedido pelo STJ. Posteriormente, foram presos novamente e soltos em fevereiro de 2022.
Em janeiro de 2024, o Tribunal de Justiça do Amazonas rejeitou a denúncia do Ministério Público contra Jordana Freire, que continua respondendo ao processo em liberdade.