
A criadora de conteúdo erótico Martina Oliveira, de 20 anos, foi notificada pelo Ministério Público de Porto Alegre, na última segunda-feira, sobre a abertura de um inquérito civil contra ela que apura a aplicação irregular de cartazes pela capital gaúcha. Nas peças, a jovem, que ficou conhecida nas redes sociais como Beiçola da Privacy – por conta de seu corte de cabelo –, divulga QR Codes que redirecionam interessados e interessadas às suas páginas adultas, onde compartilha fotos e vídeos explícitos mediante uma assinatura mensal, sempre acompanhadas de chamadas sugestivas ou bem-humoradas, como “quer me ver pelada?”.
O inquérito foi instaurado pela Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente após representação movida pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade da Prefeitura de Porto Alegre para “apurar dano ambiental em razão de poluição visual decorrente da afixação irregular de cartazes em espaços públicos e privados, sem autorização do município”.
Na representação enviada ao MP, a prefeitura alega que “a autora instalou outdoors na cidade com conteúdos vedados pelo Art. 51, Lei n.º 8.279/99, sendo posteriormente retirados, e que “agora o modus operandi de publicidade foi alterado com a instalação de cartazes irregulares no território municipal”. O município acrescenta que “a colagem de cartazes com anúncios publicitários, de qualquer tipo, nos logradouros públicos é proibida pela legislação municipal”, e destaca trecho do artigo que prevê multa de 500 a 3.000 Unidades Financeiras Municipais (UFMs) – ou seja, cerca de R$ 2.627,80 a R$ 15.766,80.
Martina, no entanto, afirma que não irá parar de colar seus cartazes e pendurar seus anúncios em outdoors por Porto Alegre. “Deu muito certo e fez meu trabalho crescer”, disse em conversa com a reportagem. No entanto, afirma que está refazendo as peças com a assessoria de um advogado, para que o conteúdo, legalmente, não possa ser questionado.
– Eu vou continuar, sim, colando os meus cartazes, os lambes, é a minha maneira de divulgação e que deu muito certo, fez meu trabalho acontecer da forma como aconteceu e, claro, acabou irritando algumas pessoas, que é o que eu esperava que acontecesse mesmo. É o caminho que eu queria que seguisse, mesmo. O inquérito foi aberto porque a empresa que colou os cartazes fez de forma errada, não tinha autorização para colá-los onde foram colocados. Vai fazer a remoção na próxima semana. Mas já estamos montando novas artes para montarmos um próximo outdoor e vamos fazer tudo certinho, com assessoria do meu advogado, para que a gente possa produzir um material que ainda irrite essas pessoas, mas que seja totalmente legal.
A criadora de conteúdo erótico acredita ser vítima de uma perseguição feita por um movimento conservador de Porto Alegre. Acrescentou ainda que, em 33 anos de existência, a empresa responsável por instalar os seus cartazes nunca havia sido notificada antes.
– Chegou uma notificação do Ministério Público, mas não chegou uma ordem para retirar os cartazes. Não fui processada e nem tenho que pagar nada. Foi um questionamento, que eu vou responder dizendo que vou retirar esses cartazes – afirma. – Mas quero deixar bem claro que eu fui denunciada por umas figuras bem específicas aqui da cidade. Porto Alegre é uma cidade muito conservadora e essa empresa cola cartazes há 33 anos e nunca havia sido denunciada. Serão removidos pelo fato de as pessoas se irritarem comigo. Um dos que me denunciaram na prefeitura disse que “limparia a cidade”e que eu não merecia viver em Porto Alegre. Disse que eu não poderia continuar vendendo o meu pastel. Mas, sim, eu vou continuar vendendo.
E foi um desses críticos que Martina acabou respondendo no X, antigo Twitter, fazendo seu apelido, “Beiçola”, ir parar entre os assuntos mais comentados na manhã desta quarta-feira.
“VITÓRIA! Após nossa denúncia ao Ministério Público, a Martina Oliveira , mais conhecida como Beiçola, foi notificada pela instalação de seu conteúdo sexual em outdoors de Porto Alegre. É, minha linda, a capital gaúcha não será mais uma feira para você vender o seu pastel“, escreveu o influenciador Jota Júnior.
Ela, então, respondeu exibindo o lucro na plataforma no último mais: mais de R$ 300 mil. “Vitória do que? Só se for minha. Obrigada pelo marketing gratuito. Você me ajudou a fazer o maior faturamento da minha vida“, escreveu a jovem.
A legislação porto-alegrense prevê que cartazes só sejam exibidos mediante autorização prévia do município. Sobre o teor, a lei prevê que é proibida a veiculação de peças que “contenham qualquer conteúdo que induza, direta ou indiretamente, à prostituição”. Não fala sobre redirecionamento a conteúdo adulto na internet, por exemplo, como é o caso, mas cita como exemplos: “imagens de mulheres em anúncios de boates, casas noturnas e similares; anúncios de estabelecimentos com expressões como casa de massagens, relax para executivos e bebidas com acompanhantes, dentre outras. Em outro tópico, a lei proíbe “que contenham qualquer conteúdo com teor sexual, ou que possam instigar a sexualidade, a uma distância inferior a 200m (duzentos metros) das escolas”.
Polêmicas e salário de jogador de futebol
Martina, que passou a cursar Publicidade este ano, provocou polêmicas nas redes sociais que acabaram lhe rendendo muitos frutos. Colando publicidade em paredes, outdoors, ou produzindo e publicando vídeos de humor onde aborda homens na rua oferecendo “R$ 2 ou um presente misterioso”, por exemplo, ela acabou se tornando uma figura popular nas redes. O cancelamento, após mostrar fotos nuas a um rapaz aparentemente desavisado num shopping, durante a gravação de um desses vídeos, só fez a fama deslanchar ainda mais. Tudo isso acabou se convertendo num aumento exponencial no número de interessados em assinar seu perfil, sobretudo na plataforma Privacy, onde ela já figura entre as duas pessoas que mais lucram com o site.
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Em entrevista ao GLOBO no mês passado, Martina contou que já estava conseguindo lucrar até R$ 180 mil por mês vendendo suas fotos nua ou vídeos onde faz sexo com diferentes parceiros. De lá para cá, os rendimentos cresceram ainda mais: já exibiu o lucro de quase R$ 380 mil nas redes e, recentemente, foi premiada pela Privacy em R$ 500 mil pela sua produtividade na plataforma. Se tornou uma das garotas propaganda do site.
Com informações de: O Globo







