Na última entrevista de 2025 do Projeto Vozes da Filosofia de Manaus (VFM), conheça a história de vida do filósofo Luis Cláudio Peres Batista, um manauense cuja trajetória combina dedicação aos estudos, compromisso social e amor pelo conhecimento. De origem humilde, moldado por valores familiares sólidos e experiências comunitárias, Luis Cláudio trilhou um caminho marcado pelo trabalho desde cedo, pela atuação em movimentos juvenis e pelo interesse precoce em questões filosóficas e existenciais. Hoje, ele se destaca como professor, psicólogo e pesquisador, inspirando jovens e adultos a refletirem sobre o mundo e a construir uma filosofia conectada à realidade amazônica.

1. Quem é você? Conte-nos, de forma breve, um pouco sobre sua trajetória de vida. Em qual instituição e em que ano você se formou em Filosofia?

“Meu nome é Luis Cláudio Peres Batista, nasci na cidade de Manaus. Sou filho de uma dona de casa e de um pedreiro, que me ensinaram sobre o valor da vida, do trabalho, da honestidade. Comecei a trabalhar cedo para ajudar na renda da família, mas sempre dedicado nos estudos. Na década de 1980, ainda adolescente, fui picolezeiro do Pró-Menor Dom Bosco, Instituição que me ajudou a entrar no mercado de trabalho e os princípios religiosos dentro da religião católica. Nessa época, atuei na Pastoral da Juventude de minha Paróquia (Santa Terezinha). No Ensino Médio participei de Grêmio Estudantil e gostava de temas relacionados à Filosofia, Formação Política e Psicologia. Em 1992, entrei para o Seminário Diocesano, onde em 1996 me formei em Filosofia no Centro de Estudos do Comportamento Humano (CENESC), hoje Faculdade Católica. (Curso este revalidado em 2000 pela Universidade Católica de Brasília – UCB). Atualmente sou professor de Filosofia do Centro de Mídias de Educação do Amazonas – CEMEAM/SEDUC e Psicólogo, atuando na área da Psicoterapia Fenomenológico-Existencial e mestrando em Ciências da Religião”.

2. Quais eventos ou influências o levaram a se interessar pela Filosofia e a seguir esse caminho intelectual? Houve algum momento decisivo, leitura marcante ou figura inspiradora?

“A Filosofia entrou na minha vida, na adolescência a partir de perguntas profundas que me fazia sobre o sentido da existência. Na escola, me destacava em temas nesse campo. Gostava de ler obras de filósofos e debater com os colegas. Isso me levou para o caminho da filosofia. Mas, foi em contato com os padres salesianos, que admirava pela trajetória de estudos, que vi a grande oportunidade de me formar na área. A partir de então me aproximei dos professores de filosofia, que me apresentaram Karl Marx. Em seguida conheci os existencialistas e decidi: quero ser filósofo”.

3. Você possui livros publicados? Se sim, poderia nos contar quais são e do que tratam, brevemente?

“Ainda não possuo livros publicados, mas venho dedicando minha vida a pesquisas e trabalhos nas áreas de Filosofia e Ciências da Religião, ao mesmo tempo em que exerço minha vocação como professor e psicólogo. Meu desejo é que, em um futuro próximo, todo esse percurso se transforme em um livro capaz de dialogar com meus alunos e ex-alunos, ajudando-os a refletir sobre o sentido da vida, a complexidade do mundo e o lugar singular que cada um ocupa na existência”.

4. Em sua opinião, qual é o maior desafio enfrentado por quem escolhe a Filosofia como profissão ou modo de vida? Quais caminhos possíveis existem para enfrentar esse desafio?

“Ser professor de filosofia, morando na Amazônia, é desafiador, mas é incrível. É desafiador por que, além dos problemas estruturais das escolas, qualificação e valorização do profissional, a filosofia não atrai logo de início; mas, é incrível ver muitos jovens estudando grandes pensadores e correntes filosóficas, alguns no meio da floresta. Por isso, vejo que é justamente nesse contexto que emergem novas perspectivas, como a possibilidade de pensar junto com eles uma Filosofia enraizada no território, em diálogo com os saberes indígenas, comunidades, movimentos sociais, associações, religiões, aproximando-os da Universidade”.

5. Que mensagem você gostaria de deixar para os leitores, especialmente para aqueles que ainda não tiveram contato com a Filosofia?

“Como mensagem final, gostaria de dizer que a filosofia não é um bicho de sete cabeças, nem um privilégio intelectual de alguns ‘iluminados’, mas um campo aberto a todos que desejam trilhar esse caminho. Filosofar é aprender a olhar o mundo com outros olhos; é ler, conhecer, questionar os grandes temas da humanidade e os mistérios da existência, e, assim, criar seus próprios conceitos”.

Com esta entrevista, encerramos mais um ciclo do Projeto Vozes da Filosofia de Manaus, que em 2025 trouxe ao público reflexões e histórias de filósofos que inspiram os jovens a sonhar e a acreditar no valor do estudo. Agradecemos aos leitores, parceiros e colaboradores que tornaram possível este espaço de diálogo e reflexão. Convidamos você a permanecer conosco e a acompanhar a próxima edição, em 2026, quando novas vozes e trajetórias continuarão a fortalecer o pensamento filosófico em Manaus, na Amazônia e no mundo.

Luís Lemos é professor, filósofo, escritor, autor, entre outras obras de, “O primeiro olhar” (2011), “O homem religioso” (2016), “Jesus e Ajuricaba na terra das amazonas” (2019), “Filhos da quarentena” (2021), “Amores que transformam” (2024) e “Noite Santa” (2025). 

Instagram: @luislemosescrito

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