No projeto “Vozes da Literatura de Manaus” de hoje, conheça a poeta Cátia Taboada, autora do livro: “Em outras palavras, em outras vozes – poesias e contos”.

Quem é você? Conte-nos um pouco sobre sua história de vida!
“Nasci em Boa Vista, Roraima, mas vim para Manaus quando eu tinha 5 anos de idade, por isso me considero manauara de coração. Minha mãe era manauara e meu pai é espanhol, dele que herdei o sobrenome Taboada. A minha infância foi muito vivida, eu digo que vivi na infância a adolescência, pois foi nessa fase da vida que fui rebelde, porém não durou muito, pois meus pais me colocaram para estudar numa escola de freiras, o Colégio Preciosíssimo Sangue, estudei todo o Ensino Fundamental l lá, anos que formaram o meu caráter e personalidade. Já adolescente, fui calma e focada em ler, estudar e escrever, fiz meu Ensino Médio no Cefet-AM, hoje conhecido como IFAM, então decidi fazer Letras- Língua Portuguesa na Ufam, na faculdade amadureci como escritora e segui a carreira de professora. Fiz Especialização em Tecnologias da Aprendizagem pelo Senac de São Paulo. Trabalhei como professora-substituta na UFAM, lecionando Teoria Literária e Literatura Portuguesa e Brasileira. Realizei trabalhos como revisora textual pelo CED-UFAM e pela EDUA. E hoje sou professora efetiva de Língua Portuguesa do ensino fundamental pela SEMED/AM”.

Quantos livros você já publicou? Quais são eles?
“Minha primeira publicação foi na Coletânea de Poesias: Aventuras Manauaras. Vol.1.- 2023 – Editora Fonte de Papel, foram publicados três poemas de minha autoria: “Meu Poema”; “Novo?” e “Musas”. A poesia “Musas”, foi eleita a quinta melhor poesia da coletânea, votada pelo júri. Participei da Coletânea de Poesias: SóPoetisas. As Amazonas da poesia brasileira Vol.1. – 2023 – Editora Fonte de Papel, publiquei o poema: “O que te faz mulher?”, o qual foi eleito a melhor poema da coletânea pelo júri. No mesmo ano publiquei minha primeira obra solo: Em outras palavras, em outras vozes –: poesias e contos, pela Editora Fonte de Papel. Participei também das coletâneas da Editora Fonte de Papel: Noites de dezembro – Contos de Natal e Réveillon. Vol. 1 – 2023 e Folhas Negras – A luta em versos contra o racismo”.

Qual livro, capítulo ou passagem é particularmente especial para você?
“A participação na Coletânea de Poesias: Só Poetisas, foi muito importante para mim, pois a surpresa de ganhar em primeiro lugar com um poema inédito, motivou-me bastante a não desestimular da escrita, já que por eu ter uma vida muito ocupada com as demandas da profissão de ser professora, eu quase não tenho me dedicado a escrever, ganhar esse reconhecimento foi uma estímulo importantíssimo para eu não desistir e me dedicar mais a escrita”.

Como você se define no campo literário? Você se considera mais um contista, poeta ou romancista? Ou gosta de explorar vários gêneros?
“Considero-me mais poeta, pois comecei a escrever poemas quando eu estava na terceira série e de lá não parei mais. Porém, tive contato com os contos de Clarice, Rubem Fonseca, Fernando Sabino, Murilo Rubião, Lygia Fagundes Telles, Marina Colasanti entre outros, que me fizeram se apaixonar por esse gênero, por isso me aventuro em escrever contos”.

Como a literatura de Manaus ou a cultura local influenciam sua escrita?
“Tive muita influência da literatura de Márcio Souza, principalmente em fazer uma literatura de crítica social, ou seja, de reflexão crítica da realidade, e também da literatura Thiago de Mello, seus poemas foram de grandes inspirações para mim”.

O que o inspirou a se tornar escritora?
“A minha trajetória de descoberta de amor a literatura iniciou na escola. Foi a escola que me apresentou os livros e a literatura, foram os professores de Língua Portuguesa que tiveram esse importante papel na minha vida. Eu sou uma das tantas pessoas que a escola abriu as portas para amar os livros e a leitura, a gente precisa sempre reconhecer esse papel importantíssimo que a escola tem na vida de seus alunos e alunas. Foi na escola que estudei da 2ª serie até à 8ª série, o Colégio Preciosíssimo Sangue de Cristo, onde conheci o prazer pela leitura e o meu talento na escrita de poemas e contos. O meu grande incentivo para eu me descobrir poetisa e até contista, foi meu professor de Língua Portuguesa da 8º serie lá no Preciosíssimo Sangue, que hoje é o nono ano, último ano do Ensino Fundamental, ele organizou lá dois concursos: o primeiro foi um concurso interno de redação, o primeiro que foi feito lá, e o gênero desse concurso era poema, o tema para a produção do poema era: “Minha língua, minha pátria, minha vida”, e eu ganhei em primeiro lugar, o segundo concurso realizado foi na 1ª Bienal do Livro do Preciosíssimo Sangue, o gênero era conto, e o tema era sobre a leitura e os livros, também ganhei em primeiro lugar. A partir disso, eu tive a validação que eu tinha talento para escrita. No dia do lançamento do meu livro, eu chamei meu professor, professor José Henrique, para ser homenageado”.

Quais autores ou obras influenciaram ou influenciam no seu estilo de escrita?
“Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Mário Quintana, Carlos Drummond de Andrade, Francisco Alvim, Clarice Lispector, Rubem Fonseca, Fernando Sabino, Murilo Rubião, Lygia Fagundes Telles, Marina Colasanti, Márcio Souza e Thiago de Mello”.

Quais são os principais desafios que você enfrentou ou enfrenta ao escrever um livro?
“Demorei 20 anos para conseguir publicar, pois na época o custo era muito alto, hoje o valor para se investir na publicação de um livro está mais acessível, porém para muitos escritores não há como viver só de vendas de livros, é preciso ter um outro trabalho para bancar a vida literária. E esse é meu maior desafio, devido ao meu trabalho como professora, que toma muito o meu tempo, não tenho como me dedicar a escrever como eu gostaria”.

Como você vê o mercado literário para novos autores, especialmente em Manaus?
“O mercado está muito mais acessível. Hoje há vários projetos e movimentos que ajudam os novos autores a conseguirem mostrar e publicar suas obras”.

Quais mensagens ou reflexões você gostaria que os leitores levassem de seus livros?
“O primeiro poema do meu livro, intitulado “Meu poema” diz em seus últimos versos: “O meu poema quer fazer a sociedade virar vinho, Se multiplicar, Ressuscitar, Se curar.” Essa é a mensagem que a minha literatura quer levar aos leitores”.

Luis Lemos – É professor, filósofo e escritor, autor, entre outras obras de “Amores que transformam”, Editora Escola Cidadã, ano 2024.

Instagram @luislemosescritor

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