Iniciamos hoje o projeto “Vozes da Literatura de Manaus”, um espaço dedicado a explorar, valorizar e compartilhar as histórias, talentos e reflexões que emergem do cenário literário de nossa cidade. Este projeto nasce com o propósito de dar voz aos escritores locais, resgatar memórias culturais e promover o diálogo entre a literatura e a comunidade. Prepare-se para conhecer autores, obras e perspectivas que fazem de Manaus um verdadeiro celeiro de criatividade e inspiração literária. E o nosso primeiro entrevistado é nada mais nada menos do que o autor do romance “Um grande amor no coração da Floresta Amazônica”: Ney Metal.

Quem é você? Conte-nos um pouco sobre sua história de vida! Bom, meu nome de registro é Raimundo Ney Maciel de Lima, mas eu assino artisticamente como Ney Metal. Nasci no município de Fonte Boa, no AM. Vim para Manaus no final da década de oitenta, com minha avó, passei por dificuldades econômicas, fiquei em vulnerabilidade social depois da morte da minha avó. Fui trabalhar em uma loja na rua dos bares no centro da cidade entregando mercadoria nas embarcações no porto da cidade, nas minhas folga eu lavava carro para ganhar um extra. Em nossas entregas de mercadoria no porto do são Raimundo eu observava vários skatistas na praça do congresso e da saudade brincando de skate e meu primeiro skate comprei de um amigo que lavava carro na praça dos remédios. Daí entrei no mundo do skate onde eu realizei vários eventos sócio culturais na cidade de Manaus, fundei a primeira escola de skate do Amazonas. Fui estudar e me formei como professor de educação física na universidade do Lá Salles como bolsista 100%. Aprendi a fotografar com um amigo no skate que tinha uma máquina analógica acabei gostando e me tornei fotógrafo. Na escola, em Fonte Boa, eu vi uma exposição de um artista plástico local e como eu já gostava de desenhar aprofundei nos meus desenhos que até hoje faço a ilustração dos meus livros. Comecei a escrever ainda muito jovem com um poema chamado “Amar é viver, viver e amar”. Foi dessa maneira que acabei me tornando poeta e escritor.

Quantos livros você já publicou? Quais são eles? O meu primeiro livro foi “Skate é Arte a Brincadeira Faz Parte”, “Skate Arte de brincar e aprender” e “Skate Terapia”. Já na literatura eu comecei escrevendo fanzines de contos e poemas amazônicos como “As aventuras de Paulo”, “A pescaria de Paulo e seu avô”, “Paulo e seus primos tomando banho no Flutuante”. Também escrevi contos como “Um dia de trabalho de seu Francisco”, “A vida de dona Eunice”. Também escrevi um livreto chamado “As Crônicas do Mercado Adolfo Lisboa”. E dois livretos de poemas, um chamado “Poemas Amazônicos” e “Um dia Feliz”. O meu primeiro livro de literatura chamado “O Mandubé” e o romance “Um grande Amor no coração da floresta amazônica”.

Qual livro, capítulo ou passagem é particularmente especial para você? Por quê? Eu gosto de todos eles, mas eu tenho um carinho todo especial por esse último “Um grande Amor no Coração da Floresta Amazônica”, que relata a história de amor dos meus avós.

Como você se define no Campo literário? Você se considera mais um contista, poeta ou romancista? Ou gosta de explorar vários gêneros? Bom, eu comecei minha vida na literatura escrevendo poemas, depois fui para os contos e agora eu estou em fase de experimento do romance. Mas para eu me tornar um romancista eu preciso me aprofundar mais, ler mais. Eu já li o livro “Cinco Minutos”, “A viuvinha”, de José de Alencar e tantos outros livros e autores. Eu me identifico muito com este autor, como ele estrutura suas obras. Mas, enfim, eu gosto de explorar vários gêneros, para mim é um aprendizado e nunca é tarde para aprender.

Como a literatura de Manaus ou a cultura local influenciam sua escrita? Minha influência na literatura local vem de um conterrâneo o Carlos Pond com o livro “Nos Confins da Terra Firme” e o amigo poeta Janer José mais conhecido como o “Poeta” que me incentivou na publicação dos meus livros. E tenho muito agradecer aos editais do qual meu livro foi agraciado pela Lei Paulo Gustavo que são editais que a Prefeitura e o Governo vêm beneficiando os escritores como eu que não tinha condições de pagar para publicar um livro esses editais são grandes influenciadores. Na cultura local o que me influencia são os músicos da banda Raízes Cabocla, o eterno poeta da floresta Thiago de Melo e a escritora trans Márcia Antonelli.

Quais mensagens ou reflexões você gostaria que os leitores levassem de seus livros? Em relação aos meus livros de skate é mostrar que podemos ajudar as pessoas seja eles especiais ou não como no skate terapia que foi um projeto feito com crianças com problema de ordem neurológica utilizando o skate como uma ferramenta de terapia. Já nos meus livros de literatura a mensagem que eu quero passar é sobre o amor verdadeiro que deve existir entre as pessoas e a natureza, pois não podemos viver só, precisamos uns dos outros para viver melhor. Por fim, eu agradeço o professor Luís Lemos pelo convite para fazer parte desse magnifico projeto!

É professor, filósofo e escritor, autor, entre outras obras de “Amores que transformam”, Editora Escola Cidadã, ano 2024.

Instagram @luislemosescritor

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