De acordo com informações fornecidas pela Revista EcoTour, a extinção dos insetos poderá ocorrer nas próximas décadas se não houver uma conscientização sobre sua importância para o equilíbrio ambiental, comprometendo a polinização de espécies vegetais, o controle biológico de pragas agrícolas e a ciclagem de nutrientes, o que acabaria por ameaçar a segurança alimentar da humanidade.
Abelhas
As abelhas são um dos principais agentes polinizadores da natureza. O processo de polinização é responsável pela reprodução das plantas, resultando na formação de frutos e sementes. Portanto, a produção agrícola é diretamente influenciada por essa dinâmica.
Além disso, as abelhas nativas são criadas para a produção de mel, cera, própolis e geleia real. Estes produtos possuem elevada atividade antibacteriana e são usados como coadjuvantes no tratamento de doenças pulmonares, resfriado, gripe, fraqueza e infecções de olhos. A cera, utilizada quente, apresenta ótimos resultados contra inflamações dos músculos, nervos e articulações.
“A dinâmica de colaboração das abelhas tem importância econômica e social. Elas têm papel significativo em regiões de baixa renda brasileiras, já que grande parte dos apicultores são agricultores familiares. Outro destaque entre os insetos colaboradores são as joaninhas, conhecidas pela roupagem vermelha de bolinhas pretas, mas com relevância além da estética: atuam no controle biológico de espécies indesejáveis”, salienta Vininha F. Carvalho, editora da Revista Ecotour News & Negócios.
Formigas
De acordo com a pesquisadora Ana Eugênia de Carvalho Campos, existem no Brasil cerca de duas mil espécies de formigas. Apesar do incômodo que muitas vezes elas causam nas casas e jardins das pessoas, a grande maioria das espécies traz benefícios para todos os ecossistemas.
“A maior parte das espécies de formigas é muito importante para o meio ambiente. Elas movimentam o solo, promovendo a sua aeração, incorporam nutrientes, fazendo a sua adubação, e são predadoras que caçam vários tipos de presa, até mesmo outras formigas.”, explica Ana Eugênia.
A pesquisadora ainda acrescentou que as formigas trabalham como indicadoras de biodiversidade, uma vez que se concentram próximas a animais e plantas. Em relação às espécies em ambiente urbano, Ana Eugênia comenta: “Já sobre as espécies de formigas que causam algum problema para o homem e para suas estruturas no ambiente urbano, esse número não passa de 30 espécies.”
Espécies ainda não catalogadas
Além dos milhões de insetos já catalogados, cientistas estimam que entre 3 e 5 milhões de espécies, sendo 1,5 milhão apenas de besouros, ainda aguardam descoberta em todo o mundo. O Brasil abriga aproximadamente 90 mil espécies catalogadas, quase 9% do total, possuindo a maior diversidade do planeta. No entanto, estimativas de um número real de insetos indicam que a fauna brasileira pode conter entre 500 mil e um milhão de espécies.
“O uso de agroecossistemas diversificados aumenta o número de espécies e de interações nos cultivos, trazendo estabilidade às comunidades de insetos. No Brasil, há experiências bem-sucedidas em plantações de café intercaladas com árvores de ingá: além de produzir mais frutos, o café cultivado nestas condições é menos afetado pelo bicho-mineiro do cafeeiro”, relata Vininha F. Carvalho.
Extinção
O Brasil possui uma das maiores biodiversidades do mundo, abrigando cerca de 20% de todas as espécies da fauna e da flora conhecidas do planeta. São mais de 116 mil espécies de animais e mais de 46 mil espécies vegetais, distribuídas por seis biomas distintos, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente. Porém, o número de animais ameaçados de extinção dobrou de 2014 para 2022 e já contabiliza 1.339 espécies, segundo a Comissão Nacional da Biodiversidade (Conabio).
“É muito importante que tratemos a biodiversidade como um fator que faz a diferença em todos os aspectos da nossa vida. Nós dependemos diretamente dela, inclusive economicamente. Mas, infelizmente neste um momento os habitats naturais estão sendo ameaçados pela falta de conhecimentos e negligência na contribuição para a conservação ambiental”, conclui Vininha F. Carvalho.