A campanha à Presidência da República recomeça nesta segunda (3/10) após um primeiro turno polarizado. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve 48,39% dos votos válidos, contra 43,23% de Jair Bolsonaro (PL), nesse domingo (2/10). Com a confirmação das apurações, o relógio começa a contar 28 dias até o segundo turno.

A campanha de Lula tinha esperança de levar a vitória no fim de semana, mas não teve sucesso. Nos últimos levantamentos divulgados antes das eleições, no sábado (1º/10), o petista aparecia com percentual entre 48% e 51%. Para vencer no primeiro turno, era preciso de 50% mais um voto.

Na reta final, a campanha via dois caminhos para concretizar a vitória. Como mostrou o colunista do Metrópoles Guilherme Amado, Lula tentou convencer os eleitores com um discurso sobre a corrupção nos governos do partido, ou seja, de que os órgãos de combate e o sistema judicial tinham autonomia e investimento para trabalhar adequadamente, de que nada foi abafado e de que a Lava Jato teve o intuito de criminalizar a legenda. Em debates, esse foi o principal ponto levantado pelos adversários.

Outro caminho era conquistar o apoio de evangélicos, público que se manteve próximo a Jair Bolsonaro desde o início da campanha. Os dois discursos devem permanecer nesta nova fase.

Já Bolsonaro trabalhou para manter os votos que conquistou em 2018, quando teve 49,2 milhões de apoios no primeiro turno e 57,7 milhões no segundo. O candidato à reeleição não só conseguiu como aumentou. O atual chefe do Palácio do Planalto foi escolhido por mais de 51 milhões de brasileiros no pleito desse domingo.

Em entrevista após a divulgação do resultado, o presidente da República afirmou que sua campanha no segundo turno ainda não está totalmente definida, mas sinalizou que os atos políticos devem começar por Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país.

De acordo com o mandatário do país, sua campanha atuará de forma especial na Região Sudeste, em estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. “Essa votação perdida é que a gente vai buscar recuperar nesses três estados, que são os três maiores colégios eleitorais do Brasil”, declarou.

A expectativa é de que os votos que foram para os demais candidatos de direita no primeiro turno – Soraya Thronicke (União Brasil) e Padre Kelmon (PTB) – migrem para o chefe do Executivo federal.

Em busca dos eleitores indecisos, o tom dos discursos na segunda fase da campanha deverá focar no antipetismo. Temas sensíveis, como a prisão de Lula pela Lava Jato e as denúncias de corrupção durante seu governo, certamente farão parte da estratégia.

Estima-se ainda que aconteça uma disputa pelos eleitores da terceira via – os apoiadores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB). Ambos avançaram na campanha com um discurso de ataques tanto a Lula quanto a Bolsonaro.

O cenário, no entanto, poderá ser definido a partir das alianças de legendas nesta segunda etapa. Como uma ala do União Brasil é antibolsonarista, mesmo com viés ideológico de direita, a sigla pode se manter neutra agora.

Tebet afirmou que tem posicionamento, mas não falará antes que o líder do MDB, Romero Jucá, e os presidentes do PSDB, Bruno Araújo, e do Cidadania, Roberto Freire, conversem a anunciem a decisão. O apoio da senadora é considerado decisivo nesta reta final.

Já Ciro, em entrevista após o fim da apuração, disse que considera a situação do país “desafiadora”. O pedetista pontuou que se posicionará sobre possível apoio depois de uma reunião com líderes do PDT.

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