Juliano Valente (no detalhe) foi exonerado após a ação da Polícia Federal no Ipaam, realizada na manhã desta segunda-feira (Montagem Fato Amazônico)

O diretor-presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Juliano Valente, foi exonerado nesta segunda-feira (9), após a Polícia Federal deflagrar a Operação Expurgare, terceira fase da Operação Greenwashing, que investiga esquemas de corrupção no órgão ambiental estadual.

Durante a ação, os servidores Francielho Araújo Oliveira e Fábio Rodrigues Marques foram presos preventivamente. Francielho, lotado na diretoria técnica como analista ambiental, e Fábio, integrante da diretoria jurídica, são acusados de envolvimento em crimes contra o meio ambiente, patrimônio genético e flora.

As prisões foram ordenadas pela 7ª Vara Federal Ambiental e Agrária da Subseção Judiciária de Manaus. Segundo a Polícia Federal, os dois utilizavam seus cargos para facilitar práticas ilegais, como emissão de licenças ambientais fraudulentas, suspensão de multas e autorizações irregulares de desmatamento. Além deles, outras seis pessoas em Manaus foram alvo de mandados judiciais relacionados ao esquema criminoso.

Histórico de crimes ambientais

Os dois servidores presos já haviam sido indiciados em 2019, durante a Operação Arquimedes, que investigou crimes semelhantes. De acordo com a Polícia Federal, as fraudes investigadas pela Operação Greenwashing envolvem um esquema de falsificação e duplicação de títulos de propriedade, iniciado há mais de uma década em Lábrea (AM), resultando na apropriação ilegal de cerca de 538 mil hectares de terras públicas.

Entre 2016 e 2018, a organização criminosa expandiu suas atividades ilícitas, reutilizando títulos de propriedade e inserindo dados falsos no Sistema de Gestão Fundiária (SIGEF), com a colaboração de servidores públicos. Nos últimos três anos, a atuação do grupo se concentrou nas regiões de Apuí (AM) e Nova Aripuanã (AM).

Combate à corrupção

A exoneração de Juliano Valente ocorre em meio à intensificação das investigações sobre corrupção no Ipaam. A Polícia Federal destacou que as ações têm como objetivo desarticular redes criminosas que, além de causar prejuízos ao meio ambiente, comprometem a gestão pública de recursos naturais no Amazonas.

O governo do Amazonas ainda não se pronunciou sobre quem assumirá a presidência do Ipaam. A Operação Expurgare segue em andamento, com novas fases previstas para aprofundar as investigações sobre a participação de outros servidores e colaboradores no esquema.

O Fato Amazônico entrou em contato com o Ipaam para obter informações sobre quais servidores, além do diretor-presidente, foram alvos da operação e quais medidas serão adotadas em decorrência das investigações. Até o fechamento desta matéria, não houve retorno.

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