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Pesquisadores ingleses descobriram que monitorar padrões respiratórios pode ajudar a entender a atividade cerebral e auxiliar no diagnóstico precoce de doenças que causam o declínio cognitivo, como o Alzheimer.
A detecção precoce da doença é crucial para que seja feito um correto manejo e que se atrasem seus efeitos devastadores para o cérebro. Entretanto, os testes mais comuns disponíveis até agora são caros e dolorosos, feitos através de amostras do líquido espinhal.
Segundo um estudo publicado na Brain Communications em 3 de fevereiro, porém, este cenário pode se tornar mais tranquilo para os pacientes. A pesquisa revela que pacientes que possuem Alzheimer respiram em um ritmo mais acelerado que os sem a doença.
A investigação foi feita comparando medidas de oxigenação cerebral, frequência cardíaca, ondas cerebrais e esforço respiratório entre 19 pacientes com Alzheimer e 20 indivíduos saudáveis.
A taxa respiratória média dos pacientes com Alzheimer foi maior: cerca de 17 respirações por minuto, contra 13 no grupo de controle.
Alzheimer é uma doença degenerativa causada pela morte de células cerebrais e que pode surgir décadas antes do aparecimento dos primeiros sintomas.
Por ser uma doença que tende a se agravar com o passar dos anos, o diagnóstico precoce é fundamental para retardar o avanço. Portanto, ao apresentar quaisquer sintomas da doença é fundamental consultar um especialista.
Apesar de os sintomas serem mais comuns em pessoas com idade superior a 70 anos, não é incomum se manifestarem em jovens por volta dos 30. Aliás, quando essa manifestação “prematura” acontece, a condição passa a ser denominada Alzheimer precoce.
Na fase inicial, uma pessoa com Alzheimer tende a ter alteração na memória e passa a esquecer de coisas simples, tais como: onde guardou as chaves, o que comeu no café da manhã, o nome de alguém ou até a estação do ano.
Desorientação, dificuldade para lembrar do endereço onde mora ou o caminho para casa, dificuldades para tomar simples decisões, como planejar o que vai fazer ou comer, por exemplo, também são sinais da manifestação da doença.
Além disso, perda da vontade de praticar tarefas rotineiras, mudança no comportamento (tornando a pessoa mais nervosa ou agressiva), e repetições são alguns dos sintomas mais comuns.
Segundo pesquisa realizada pela fundação Alzheimer’s Drugs Discovery Foundation (ADDF), a presença de proteínas danificadas (Amilóide e Tau), doenças vasculares, neuroinflamação, falha de energia neural e genética (APOE) podem estar relacionadas com o surgimento da doença.
O tratamento do Alzheimer é feito com uso de medicamentos para diminuir os sintomas da doença, além de ser necessário realizar fisioterapia e estimulação cognitiva. A doença não tem cura e o cuidado deve ser feito até o fim da vida.
Nova possibilidade até de tratamento
A pesquisa sugere que o comprometimento do cérebro causado pela doença leva a uma menor capacidade de circulação de oxigênio no órgão. O corpo, tentando compensar, aumenta a frequência respiratória.
Para os pesquisadores, esta descoberta “revolucionária” pode ajudar não só no diagnóstico, mas também no tratamento da doença.
“Pode-se, inclusive, supor que o Alzheimer seja resultado de o cérebro não ser adequadamente nutrido pelos vasos sanguíneos”, defende a neurocientista Aneta Stefanovska, autora principal do estudo, em comunicado à imprensa.
Os pesquisadores indicam que a maioria dos remédios atualmente disponíveis para lidar com o Alzheimer se focam nas proteínas tóxicas que parecem levar à doença, mas que a partir desta descoberta da relação da vascularização do cérebro com o declínio cognitivo, também pode ser possível usar remédios voltados a esta melhoria para propor novos tratamentos.
Com informações de Metrópoles