
Joilson Souza – o poeta de Novo Remanso
Nas margens do Amazonas, onde canta o passarinho,
Mora o povo da floresta, valente e ribeirinho.
Vivemos do que a mata nos dá: peixe, fruto e raiz,
Mas quem dita os valores não vive onde o caboco é feliz
Lá das Américas vem imposto a nos pesar,
Dos Estados Unidos, regras duras a aplicar.
vão já taxar nosso açaí, a castanha e o guaraná,
Enquanto aqui a renda é pouca e a luta não quer parar.
O suor que escorre vira produto exportado,
Mas o preço que chega é sempre rebaixado.
A taxa engole o lucro, o mercado nos esfria,
E a esperança escorre junto com a água da bacia.
– Se a taxa chegar, maninho, Você verá!
Barcos cheios de esforço, redes cheias de vazio,
O comércio vai se retrair e esfriar o coração do rio.
Sem ouvir nossa voz, negociam sem razão,
A dor vem com a taxa, e não há compensação.
É preciso mudar e que venha com respeito,
Parcerias justas, com os povos no centro do feito.
Que o Brasil defenda quem vive da beira e do chão,
E que os impostos reflitam nossa contribuição.
O ribeirinho não é besta…
Educar para exportar com valor e consciência,
Empoderar o jovem da mata com excelência.
Agregar saber ao produto do mato, da mão,
Para não sermos apenas peça da exploração.
essa é nossa opinião
Valorizar o artesanal, o que é feito aqui,
Do óleo à cestaria, do barro ao buriti.
Fomentar bioindústrias, sem destruir a mata,
Gerar renda e futuro com sustentabilidade exata.
Precisamos no Planalto vozes da canoa e do chão,
Para que a política abrace nossa condição.
Eleger quem nos entende, quem escuta nosso canto,
E transformar cada voto num gesto de encanto.







