Em dezembro de 2022, Adriana Costa, de 32 anos, sofreu um acidente de moto que quase a matou. O veículo em que ela estava voou ao passar por um quebra-molas não sinalizado na cidade de Redenção (PA), onde ela vive. A estudante de serviço social e mãe de quatro crianças estava sem capacete e acabou batendo o rosto no chão.

Adriana passou sete dias em coma e quando acordou, não se lembrava de nada. Ela ainda passou mais um mês na UTI para se recuperar dos impactos do acidente, mas as cirurgias de emergência feitas pela equipe médica acabaram a deixando mais desfigurada.

“Não me lembro exatamente de como me vi pela primeira vez no espelho, acho que ainda estava sob efeito dos remédios. Quando acordei de verdade, meu medo era que algo tivesse acontecido com o meu filho, que estava comigo na moto. Quando soube que ele estava bem, me senti imensamente feliz, não me importei tanto com a minha aparência”, lembra.

No acidente, Adriana sofreu múltiplas fraturas, perdeu quase todos os dentes, boa parte do nariz e ficou com cortes profundos distribuídos por todo o rosto. Ela chegou a entrar com pedidos para fazer as cirurgias reparadoras pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas sabia que a fila era lenta.

A estudante iniciou uma campanha on-line para arrecadar fundos e pagar os procedimentos, que foram orçados em mais de R$ 200 mil, mas a vaquinha avançou lentamente e ela não estava nem perto de conseguir o necessário para as cirurgias.

Foi quando o cirurgião plástico Leandro Aguiar, que atua em Goiânia (GO), soube do caso de Adriana e decidiu doar todas as cirurgias reconstrutivas. Ele também buscou parceiros para realizar os procedimentos necessários.

“Corri atrás de todas as maneiras que podia, mas Deus colocou o doutor Leandro no meu caminho. Ele é meu anjo aqui na Terra”, resume Adriana.

O médico programou a cirurgia da estudante em etapas. As quatro primeiras foram realizadas desde março, com etapas aproximadamente a cada 15 dias. O último procedimento foi realizado em 21 de maio.

“O caso dela é especial não só pelo ganho estético, mas porque ela estava com o nariz obstruído, sem conseguir fechar a boca bem. Meu objetivo era deixar ela com uma qualidade de vida melhor e me alegra saber que estamos conseguindo”, explica o médico.

Como foram feitas as cirurgias?

No primeiro procedimento, Aguiar colocou um expansor de tecido na testa de Adriana, uma espécie de balão que vai sendo injetado com soro e que estimula a formação de mais pele. O tecido foi usado na segunda cirurgia para reconstruir o lábio, o nariz e a pálpebra da paciente. O nariz foi reparado com uma cartilagem das costelas.

Na terceira cirurgia, o extra de pele da testa foi dobrado sobre o nariz. Esta pele precisa se manter oxigenada e com circulação sanguínea — por isso, é preciso que ela se mantenha ligada simultaneamente ao nariz e à testa, em uma espécie de ponte que só foi separada no quarto procedimento.

Além disso, na quarta cirurgia o nariz foi refinado e enxertos de ossos foram colocados no maxilar e em pequenos pontos do rosto para reparar a estrutura da face. “Daqui a seis meses, quando esses ossos já estiverem integrados ao rosto, começa o processo de colocação das próteses dentárias”, conta o médico.

A retomada da autoestima

Para fazer os procedimentos, Adriana passou a viajar com frequência a Goiânia e diz que as viagens são sempre um momento de felicidade e gratidão. “Na estrada, sempre me sinto muito grata e na expectativa de estar avançando na caminhada do meu tratamento. Estou feliz por reconstruir meu rosto novamente”, celebra.

A paraense garante que nunca se deixou abater pelo acidente — “Sou de uma família de mulheres muito fortes”, diz ela —, e que o processo de reconstrução facial também a permitiu recuperar sua vaidade.

“Me acho linda. Sou uma mãe, uma mulher linda. Acredito que vou ter minha vida social novamente. O rosto da forma que Deus criou, entendo que não vou ter, mas ver o resultado das minhas cirurgias e como isso está transformando meu rosto e minha história me deixa muito grata”, conclui ela. (Metrópoles)

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