Enquanto o vento frio cortava a madrugada de quarta-feira (22/5) na área central da capital da República, com termômetros beirando os 16°C, a temperatura dentro de uma boate de prostituição próxima à Esplanada dos Ministérios estava em ebulição. Alvoroçada, a tropa de pelo menos 50 garotas de programa dava tudo para conquistar a atenção de prefeitos e suas comitivas. As informações são da Coluna “na Mira”, assinada por Carlos Carone e Mirelle Pinheiro, do site Metrópoles.
Os chefes de dezenas de municípios de todo o país haviam desembarcado em Brasília para os três dias de eventos organizados pela 25ª Marcha dos Prefeitos. Como é de praxe, após as agendas oficiais, as noitadas são regadas a álcool e sexo — sempre negociado em altas cifras com as prostitutas. Aos berros de “Vai, prefeito!”, era fácil identificar assessores encorajando o chefe da comitiva a abraçar e beijar as garotas durante os shows de striptease.
Um dos prefeitos, bonachão e muito suado, estava animadíssimo após as consecutivas doses de vodca com energético — que custavam insanos R$ 55 por latinha. A coluna Na Mira acompanhou duas noites de festas comandadas pelos prefeitos e seus grupos políticos em solo brasiliense.
Estacionados próximos à boate, carros com placas pretas do Poder Executivo municipal denunciavam a presença dos prefeitos. Dentro da casa, apinhada de seguranças, os políticos e assessores ocupavam mesas redondas cercadas por cadeiras de veludo vermelhas. O poderio financeiro era ostentado por “combos” de bebidas expostos sobre a mesa, atraindo as garotas “mais caras” da casa.
Shows Sensuais e Gastos Elevados
Sentado no fundo do salão, estrategicamente posicionado na ponta do palco, um prefeito empolgava-se a cada show sensual. Cheias de energia e se contorcendo nas barras de pole dance, as garotas tiravam cada peça de roupa e dançavam sensualmente para os clientes ilustres. Quem frequenta a casa não se preocupa com o dinheiro investido para os momentos de prazer. Uma cerveja longneck não sai por menos de R$ 40, e uma garrafa de uísque de oito anos chega a R$ 1,2 mil.
Exigente, um dos prefeitos presentes na boate “trocava” de garota a cada uma hora de conversa ao pé do ouvido. “Essa era chata”, disse ele a um homem que parecia ser seu segurança, logo após a garota deixar o assento. Em minutos, outra garota de programa tomava o posto e tentava “fechar negócio” com o prefeito, que é chefe do Executivo de um município do interior paulista.
Expectativa e Ganhos
Anualmente, as prostitutas que trabalham na boate esperam com ansiedade pela Marcha dos Prefeitos. “É a hora de faturar. Os políticos chegam com vontade de gastar, e a gente precisa estar com disposição para ganhar”, afirmou uma das garotas que estava na casa e conversou com a reportagem sem saber que estava sendo gravada.
Goiana, a morena de 20 anos veio para Brasília preparada para ficar pelo menos durante os três dias de evento. “Estou hospedada com uma amiga e dividimos as despesas diárias”, explicou. As duas garotas de programa estavam acomodadas no hotel anexo à boate. “É bem mais prático. Acertamos o programa e já podemos subir para um dos quartos”, contou.
A morena e a maioria das garotas que desfilava pelo carpete vermelho da boate topavam uma hora de sexo por R$ 1 mil. Outras pediam valores entre R$ 1,5 mil e R$ 2 mil. Ávidos, alguns políticos não barganhavam os cachês. Pegavam nas mãos da garota de programa, acertavam o valor exigido e o casal subia para um dos quartos do hotel ou deixava o local de carro.
A 25ª Marcha dos Prefeitos, além de discutir questões políticas e administrativas, revela um lado oculto das atividades noturnas dos políticos brasileiros. As festas luxuosas e os altos gastos com garotas de programa durante esses eventos mostram um contraste gritante com a realidade enfrentada pelos municípios que representam.
